terça-feira, 8 de julho de 2014

O PARADOXO DA GRAÇA IRRESISTIVELMENTE IMPOSTA

“Portanto, esta afirmação de Agostinho permanece verdadeira: “A graça de Deus não acha ninguém a quem deva eleger, mas faz com que os homens sejam aptos a ser eleitos.”
Replico, porém, em contrário, que a predestinação para a graça é subserviente à eleição para a vida, e lhe é como que serva; que a graça é predestinada àqueles aos quais a posse da glória foi prescrita já por longo tempo, visto que o Senhor se deleita em conduzir seus filhos da eleição à justificação. Portanto, daí se seguirá que a predestinação para a glória é a causa da predestinação para a graça, e não ao contrário.” (Institutas, vol. III, págs. 404 e 405)

Essas asserções, tanto do padre Agostinho, quanto de Calvino, a rigor, não têm ou não exalam nenhum sentido humanamente assimilável!!

Deus não poderia ser ao mesmo tempo gracioso e predestinador, tampouco predestinador e gracioso!

Trata-se de uma inconciliável desarmonia lógica, racional e espiritual.

Se Ele, pela predestinação, conforme preconiza Calvino, alcança o ser humano com a Graça, se Ele formatou, se Ele fabricou desde a eternidade, desde antes da existência ou do erguimento do mundo ou da concepção do mundo, inevitável a conclusão no sentido de que toda e qualquer pessoa que vier a ter morada nos céus não a terá ou não a terá obtido ou não a terá alcançado em face dessa aludida Graça no confuso sentido calvinístico, mas unicamente em virtude de uma como ”predestinação pura e simples”, ou, com idêntico significado, por consectário direto da pré-formatação, ou pré-fabricação; o que, perceptivelmente, exclui a figura da Graça no único sentido possível, isto é, GRAÇA como GRAÇA, GRAÇA como DÁDIVA, tal como na Bíblia se contém.

Por conseguinte, soa muitíssimo estranho, não mais do que um jogo de palavras, falar-se em “predestinação para a graça” e “eleição para a vida”, ao mesmo tempo em que chega a tilintar nos ouvidos de forma desarmoniosa e muito incômoda a alusão a algo como “passagem ou caminho da eleição para a justificação”, quando, agregado a tudo isso, o escritor salienta tratar-se de deleite de Deus”.

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