quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

PERGUNTAS QUE CALVINISTAS EVITAM

Indague a um calvinista ou indague-se a si mesmo caso se entenda inserido entre os seguidores do huguenote João Calvino:

Você se considera como

salvo por Jesus Cristo, salvo em Jesus Cristo


por efeito de conversão e aceitação do Mistério da Cruz,


ou eleito irresistivelmente,

embora imerecidamente, antes da fundação do mundo, independentemente de qualquer manifestação sua de vontade?


Ou seja, você se enxerga, na interpretação calvinística, como uma variante atual de Jacó, inserido por Deus no útero de sua mãe já com a marca predestinatória celestial?


Você está absolutamente convicto de que

...sua salvação, ou sua conversão no curso da existência terrena,

ou, se preferir, sua eleição desde a eternidade, é algo consumado e imutável?


Se sim,

...com base em que irrefutáveis evidências o afirma?


Seria porque você freqüenta as reuniões, porque você canta durante as reuniões, porque você lê a Bíblia durante as reuniões, porque você ora durante as reuniões, porque você diz amém após orações, ou por alguma outra razão íntima ou de foro íntimo que o faz assim pensar?



A respeito de seus filhos e sua esposa, que também freqüentam assiduamente o lugar denominacional de reuniões,

...podem ser reputados como salvos ou como eleitos por decreto eterno?


Se positiva a resposta, o que o faz assim concluir, afastando qualquer possibilidade de que eles ou algum deles se enverede por outro caminho completamente oposto à cristandade?

Isto é, que entre eles haja uma estirpe calvinística de Esaú, inserido por Deus no útero de sua mãe já com a marca predestinatória demoníaca?



Na hipótese de que seu filho, antes aparentemente eleito, venha a ser ou passe a ser usuário de drogas, alcoólatra, adepto de roubos, estuprador, homicida, terrorista, você o consideraria como parceiro do demônio, ou réprobo, ou maldito que no dia do juízo será apartado para o fogo eterno?


Em tal cenário, você empreenderia ou se dedicaria a árduas orações no sentido de que esse seu filho venha a se converter à semelhança de João 3:16, ou seja despertado para a vocação que, ao seu entendimento de pai, lhe estaria reservada por efeito de infalível eleição anterior à fundação do mundo?


E, na conjectura de suas orações não encontrarem ressonância ou receptividade celestial, e seu filho descer à sepultura com aquele mesmo estilo de vida, você entenderia que por ser impossível qualquer falha no secreto e eterno conselho do Criador, por ser Deus sempre e perfeitamente justo,

...você lhe dedicaria irrestritos louvores por ter Ele destinado ou condenado à perdição eterna o seu ímpio descendente na carne mas verdadeiramente filho de satã?


Se o infortúnio da morte de um filho seu ainda lactente, ainda aos seios da mãe, ainda tenro, se abater sobre sua família, qual haveria de ser sua atitude calvinístico-cristã?

Você se perguntaria se esse seu filho, agora morto, representaria típica semente da malignidade ou, ao contrário, se ele estaria entre os irresistivelmente agraciados com o chamado eterno?

E, na qualidade de seguidor da doutrina calvinística,  sentir-se-ia confortado na alma, sabendo que qualquer criança, de qualquer idade, pode ser tão maligna, tão pecadora, tão abominável, tão passível da perdição eterna quanto pecadores adultos, e que se seu tenro filho fora por Deus reputado como réprobo, você louvaria o Criador

...por essa justa condenação, na certeza de que a minúscula criança pagou por sua própria maldade e teve o que merecia, tal como Esaú, e reconheceria nisso a Mensagem Exata do Evangelho Bíblico?


Quando você, em meio a um grande número de irmãos no âmbito da denominação religiosa à qual filiado, lança-lhes olhos e com eles se confraterniza,

...fá-lo na certeza de que todos ali foram chamados pelo eterno e imerecido decreto eletivo de Deus,

...sempre com a ressalva de que se eventualmente alguns se desviarem significa apenas que esses em verdade têm seus nomes inscritos em outro decreto eterno mas de natureza condenatória e, ao contrário daquele primeiro decreto, tais pessoas se fizeram plenamente culpadas, optaram pelo Inferno, exerceram a escolha de Livre-Vontade, e, pois, tornaram-se indiscutivelmente, logicamente e inteiramente dignas de serem submetidas à primeira e à segunda morte?

A seu ver, pessoas quaisquer neste imenso mundo podem VIR A SE CONVERTER e pessoas neste imenso mundo podem VIR A OPTAR PELO INFERNO, ou você entende firmemente que essas ambas posições integram um decreto predestinatório inexorável e cronometrado?

Para você, a palavra SALVAÇÃO incontáveis vezes expressa na Bíblia mostra-se um tanto equivocada ou talvez exagerada ou talvez inadequada, sob a suposição de que os decretos predestinatórios de Deus jamais falham e, portanto, se Ele algo predeterminou não faz sentido que no curso da história milimetricamente DECRETADA haja necessidade de intervenção DELE PRÓPRIO para "SALVAR ALGUÉM" de uma perdição que jamais se concretizaria, como se o vivente pudesse se encontrar em "alto perigo de extravio"?

Você, como partidário do movimento religioso calvinista, entende que Deus, ainda que revestido com plenipotência, com soberania absoluta, como decretador ou predestinador de tudo em todos, mesmo assim, AINDA ASSIM, pode ter seu FUROR ou sua IRA provocados por ato unilateral de seres humanos criados predestinatoriamente?

Ou seja, Deus, então, ilimitadamente soberano e diametralmente poderoso, SE IRA, SE EXASPERA, SE IMPACIENTA com pessoas, tal como narrado inúmeras vezes na Bíblia?

Significaria, também que, para você, SE ALGUÉM PECA, Deus se ira; se alguém DEIXA DE PECAR, Deus se agrada; se alguém DESOBEDECE, Deus se ira; se alguém obedece, Deus manifesta agrado, ao ponto de o próprio Deus ELOGIAR AQUELE QUE SUPOSTAMENTE TERIA OPTADO POR OBEDECER?


Em quaisquer dessas hipóteses, você sentiria pleno conforto na alma, convicto de que essa é precisamente a Mensagem Bíblica e que, portanto, o amor indizível de Deus, estampado na Palavra Santa, se expressa exatamente em Criar Anjos e Criar Demônios?


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A HIPOCRISIA INDIZÍVEL DA CÚPULA REPUBLICANA

Em matéria publicada por Jornal Eletrônico, o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, externou solenemente sua irresignação em relação à execução por fuzilamento do prisioneiro brasileiro na Indonésia, Marco Archer, e, na tentativa de enfatizar sua indignação e igual sentimento da Presidente Rousseff, asseverou que a pena capital (morte) "é um instituto que não só fere preceitos constitucionais brasileiros como é contrário à índole e moral do povo brasileiro"(sic).

Com todo o respeito, eu me permito dizer, como cidadão também brasileiro, que tal pronunciamento beira o delírio ou a ridicularia, na medida em que o Brasil pode ser qualquer coisa menos essa falácia de ser conduzido por princípios "morais"(sic) ou deter "índole"(sic) contrária à pena de morte.

                             O ministro Mauro Vieira concedeu entrevista em
                                       Brasília (Foto: Priscilla Mendes/G1)


Ora, neste país o que mais se faz ou se pratica dia a dia, dia após dia, de dia ou de noite, todos os dias, todas as noites, é MATAR, MATAR, MATAR; ROUBAR, ROUBAR, ROUBAR.

A vida humana nesta Republiqueta não possui nenhum valor, não há leis sadias ou hígidas ou minimamente lógicas; não há cumpridores de leis, não há executores de leis, não há instituições sólidas.


E estas não são meras ou ilhadas afirmações que de mim mesmo eu esteja fazendo, mas representam o retrato fiel de décadas e décadas de baderna escancarada: sessenta mil homicídios por ano, roubos, estupros, pedofilia, corrupção entranhada como praga incontrolável, cadeias públicas e penitenciárias em condições absolutamente e chocantemente degradantes dentro das quais os detentos são impiedosamente condenados a morrer, num ambiente inteiramente hostil, fétido, insalubre, superlotado; nuanças tais que evidenciam que a execução da pena de morte no Brasil, diferentemente do sistema indonésio, ocorre em duas etapas, ou seja, fuzila-se em primeiro lugar a dignidade do ser humano e, após reduzido a zumbi, impõe-se ao prisioneiro a inevitável morte física..."na forma da lei"(sic).
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