A precariedade óbvia da vida terrena compensa-se pela fluida efemeridade dela.

A ABUNDÂNCIA DO DESCONHECIMENTO

Nós, seres humanos, detemos a plenitude da ausência.

Somos de tudo perfeitamente ausentes.

Desconhecemos a vida ou o que a vida é e possa vir a ser. Acerca dela, apenas deliramos e tateamos.

Desconhecemos o amor, ainda que dele verbalizadores inevitáveis.

Desconhecemos a nós mesmos e, quanto ao nosso semelhante, mal o enxergamos exceto com os olhos da necessidade e da cobiça.

Desconhecemos a cura da enfermidade mortal e das recorrentes também.

Desconhecemos a morte mesmo com ela convivendo todos os dias.

Desconhecemos a Deus, embora nosso desconhecido íntimo emita gemidos incessantes e agônicos a Ele direcionados no curso de uma existência terrena fugaz.