sexta-feira, 31 de março de 2017

CRISTÃOS OU CONTADORES DE HISTÓRIAS?

Quando eu era criança, quando ouvia sobre a Bíblia, quando presente em reuniões denominacionais cristãs, eu me via impactado pelas narrativas que se extraíam do Livro Santo.

Dizia-se a respeito de Deus, do único Deus que tudo criara, que tudo controla, que representa a essência de um indescritível Amor, que se volta para o homem, que conclama o homem, que socorre o homem, que resgata o homem, que cura o homem, que salva o homem.

Como cristãos que somos ou que entendemos que somos, já nos demos conta de que o Evangelho pregado desde décadas e décadas, em todas as denominações religiosas, resume-se em CONTAR HISTÓRIAS BÍBLICAS, sem que NÓS estejamos inseridos no MESMO CONTEXTO ESPIRITUAL da HISTÓRIA BÍBLICA?

Ou seja, todos os acontecimentos e manifestações espirituais registrados na Palavra de Deus não passam de REFERENCIAIS ou de FÁBULAS ILUSTRATIVAS daquilo que TEVE LUGAR NUM TEMPO PRETÉRITO REMOTÍSSIMO, que mergulha num PASSADO DE MAIS DE DOIS MIL ANOS.

Por que a REALIDADE Bíblica não se materializa ou não se faz palpavelmente concreta na vida dos cristãos contemporâneos?

Por que a REALIDADE ESPIRITUAL Bíblica é utilizada tão-somente como ilustração do que FOI o Cristianismo, de COMO ERA o Cristianismo, de COMO ERAM os Cristãos, de COMO ERAM os dons espirituais, de COMO ERAM as orações que verdadeiramente ecoavam nos céus, de COMO ERAM as maravilhas provindas de Deus, de COMO ERA a fé que movia e removia obstáculos quaisquer?

A interrogação, portanto, permanece e ecoa fortemente: Quem somos nós, cristãos deste terceiro milênio?

Passado largo tempo, percebe-se, com tristeza, que os Cristãos de nossa época continuamos limitados a ler e contar Histórias Bíblicas, a dizer a crianças de todas as idades que existe Deus, ou que Deus existe, que Jesus é a expressão máxima e indizível do Amor de Deus direcionado à criatura obra de suas mãos. Todavia, sem que em nossas vidas Cristãs a presença marcante e sobrenatural de Deus, do Espírito Santo, se faça perceptível e indubitavelmente atuante.

Continuamos limitados a tão-só fazer referências históricas a homens e mulheres de um passado gigantescamente ido e objeto de registros, de palestras, de lembranças.

Incompreensivelmente e inegavelmente, não somos Cristãos como Cristãos eram aqueles sobre quem tanto falamos, pelo irrefutável fato de que nossas vidas Cristãs não refletem o que invariavelmente e com naturalidade se via resplandecente no cotidiano dos Cristãos de numerosos séculos atrás.

A interação da criatura com o Criador nos tempos nebulosos em que vivemos em nada se assemelha ao panorama e à pragmática espiritual de feições inconfundíveis contidas na Bíblia.

Afinal, quem somos nós, Cristãos, da atualidade mórbida?

Não passamos de pesquisadores de Deus, estudantes de Deus, débeis e inconsistentes teologizadores de Deus, imaginadores de Deus, num vaivém que, invariavelmente, nos tem conduzido a lugar nenhum.

Precisamos terrivelmente ser Cristãos, ser por Deus imergidos na essência do Cristianismo Bíblico, sendo libertos do triste niilismo que nos rodeia, a tal ponto que nos tornemos parte integrante da História Cristã que, obviamente, mantém seu curso.

Deixemos de ser exclusivamente contadores de Histórias Bíblicas, de modo que gerações futuras possam, lendo essas mesmas e inapagáveis Histórias Bíblicas, ter conhecimento de que a vida Cristã decididamente não se exauriu com aqueles personagens da Palavra de Deus que foram alçados à eternidade.
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