segunda-feira, 30 de março de 2015

PLENAMENTE INCAPAZES

Em desoladora e obscurecida verdade, não temos noção ampla e distintiva de justiça, não a praticamos e dela nem nos damos conta, exceto, confusamente, quando nos sentimos algo injustiçados ou feridos em nosso egoísmo e incontrolável vaidade.

Não conhecemos o amor, embora amor seja uma das palavras mais pronunciadas no mundo, quiçá a mais verbalizada em todos os tempos.

Não obstante vivos e, portanto, dotados de vida, da vida muito pouco sabemos. Somos conduzidos mais pelos sentidos do que propriamente pela indecifrável racionalidade que nos é inerente.

Não há ninguém que verdadeiramente ame o próximo. Tudo não passa de devaneios e lapsos de imaginação; tudo se resume a rotineiros e ininterruptos intercâmbios de interesses, ainda que assim não pensemos, ou mesmo que outra seja a rotulação ou a roupagem que delineia a aparência.

O semelhante somente é levado em alguma conta quando e enquanto dele se puder extrair um qualquer benefício, seja material ou imaterial. E essa é a tônica até mesmo no ambiente ou no seio familiar, onde, presumivelmente de maior probabilidade, o suposto exercício de amor é matizado pelo relativismo e tem sua intensidade regulada segundo a medida daquilo que os componentes da família se podem reciprocamente oferecer.

Tudo passa, tudo arrefece, tudo entra em desuso, tudo morre.


Morremos pouco a pouco, morremos dentro de nós mesmos, morremos em nós mesmos, alheios à justiça, incapazes de amar e sedentos de vida.

sábado, 28 de março de 2015

INFORTÚNIOS NOSSOS A NÓS MESMOS IMPUTÁVEIS

Foram e continuam sendo motivo de estupefação e reflexão desde épocas muitíssimo remotas - bem antes de nossa geração - as vicissitudes da vida, os acontecimentos, as imprevisibilidades funestas, as tragédias e barbáries que nos cercam a nós próprios, a nossas famílias e ao próximo sem exceção.

Certamente, o que se procura analisar, com oscilações puxadas por inquietantes dúvidas, não é a perfeição ou o amor de Deus, mas tão-só a razão de ser de determinadas ocorrências estarrecedoras e nauseantes.

Estaríamos, todos, entregues à própria sorte ou à sorte determinada pelo acaso ou pela astúcia de loucos de toda estirpe ou de todos os espécimes de mestres de maus intentos cuja trilha opõe-se abertamente ao caminho traçado por Jesus Cristo ou ao Caminho chamado Jesus Cristo?

Sem querer ser blasfemo ou algo herético, sinto-me compelido a dizer que em tudo, de tudo e por tudo há imperativamente de, por marcante incrustação, fluir um propósito ou uma causa ou uma justificativa que, naturalmente, excede à nossa ignorância espiritual no âmbito desta vida terrena.

Recuso-me a imaginar ou supor ou absorver o entendimento no sentido de que Deus, o Criador, veja como insignificantes, ou autodeterminantes ou plenamente desvinculadas do contexto existencial, ou despidas de nexo espiritual, selvagerias e barbarismos como os inumeráveis que se vêem e se inserem rotineiramente na órbita da vida, os quais irrefutavelmente não contam com a aquiescência divina e, portanto, não fazem parte do desejo do coração de Deus, mas são decorrência de um conjunto de nuanças pessoais que os desencadearam ou que neles culminaram.

Não me parece crível que alguém, imagem e semelhança de Deus, simplesmente, do nada pessoal, de alma esvaziada, inopinadamente ou improvisadamente, dentre plurais exemplos, possa esfaquear até à morte pessoas quaisquer, queimá-las vivas, decapitá-las e, sem qualquer percalço, consiga atingir inteiramente, quase que com inqualificável naturalidade, esse horroroso intento.

Necessariamente há de existir um liame espiritual qualquer entre o executor/causador da barbárie, a barbárie em si mesma com todas as suas características e peculiaridades pré e pós-consumação e as pessoas sobre as quais recaiu essa malignidade. Tudo isso somente aquilatável e explanável e plenamente conhecido unicamente por Deus.

Do contrário, poderíamos da vida abdicar ou simplesmente dar de ombros a todo e qualquer acontecimento, bom ou mau, alvissareiro ou catastrófico, entoando desesperançadamente, e sem sermos conduzidos por emoções quaisquer, uma espécie de cântico ritualístico com indefinível melodia.


domingo, 8 de março de 2015

ASSIM SE FAZ NO BRASIL

Sabia que homens ou mulheres com idade entre doze e dezoito anos incompletos, além de inimputáveis, isto é, formalmente ou cerimonialmente "liberadões", gozando de máxima e incondicional proteção por parte do Estado, são, por explícito comando de lei, catalogados solenemente como ADOLESCENTES?

Sabia que homens e mulheres com idade entre quinze e dezoito anos incompletos, além de adolescentes "liberadões" resguardados a sete chaves pelo Poder Público, são por lei expressamente declarados como sendo JOVENS?

Sabia que homens e mulheres a partir de dezesseis anos e antes dos dezoito anos podem VOTAR, podem CASAR, podem COPULAR (exercitar a genitália), podem SER PAIS, MAS NÃO PODEM JAMAIS SER RESPONSABILIZADOS POR CRIMES?


Sabia que homens e mulheres com idade MÍNIMA de quinze e MÁXIMA de vinte e nove anos são, na forma da lei brasileira, reputados como JOVENS e que entre quinze e dezoito incompletos são ao mesmo tempo ADOLESCENTES e JOVENS, e que depois dos vinte e nove são... (Hum, melhor perguntar a Deputados e Senadores).

sexta-feira, 6 de março de 2015

A IMPERCEPTIBILIDADE DA VIDA

A maior porção ou fração de todas as coisas que se ouvem, que se leem e até mesmo que se veem, não passa de um seqüencial aparentemente interminável de mentiras, meias-verdades ou maquiagens grotescas, ou seja, uma realidade algo convencional ou supostamente apropriada a circunstâncias fugazes.

Nossos olhos, por si mesmos, não conseguem discernir entre o autêntico ou verídico ou genuíno e aquilo que é ou seria resultante de delírios ou de distorções propositadíssimas, ou, em inumeráveis hipóteses, ditadas por nossas marcantes e entristecedoras inaptidões.

A esse cenário insuperavelmente indistinto, adicione-se o fato de que nós próprios também tropeçamos em nossos devaneios, em nossas suposições fantasiosas e em acalentadas utopias, ainda que amenizadas, quiçá, por um certo grau de ingenuidade imputável às miragens que do cotidiano nos deixamos impregnar.


A vida, tomada em sua essência indizível e ilhadamente ou alheadamente considerada, há de ser verdadeira, ou real, ou de fato existente. Todavia, nós, os viventes, desde o limiar da existência, não fomos e não somos capazes de lançar olhos perceptíveis, ainda que, em regra inconscientemente e claudicantemente, ávidos por percepções sempre estejamos, movendo-nos arquejantes ladeira abaixo sob o peso do, este sim, perceptível tédio.

quinta-feira, 5 de março de 2015

E A "LEI DA PALMADA"? POR ONDE ANDA?

Como sói acontecer no Brasil desde os primórdios dessa gloriosa República, leis por aqui não passam de penduricalhos, quaisquer que sejam elas, não importa o tema tratado, isto é, independentemente da maior ou menor representatividade ou relevância social.

Um dos últimos exemplos disso é a tal "Lei da Palmada" ou "Lei Menino Bernardo", segundo a qual os pais, integrantes da família ou responsáveis não mais poderão fazer uso de castigo físico no desenrolar do processo educativo da criança e/ou do adolescente.

E o legislador (Deputados e Senadores) até que tentou elucidar ou definir o que vem a ser ou o que considera como "castigo físico", expondo que corresponde ao emprego ou utilização de força física sobre a criança ou adolescente, de modo que traga como resultado sofrimento físico ou lesão.

Claro que ninguém entendeu bulhufas!

Óbvio que nem mesmo os Parlamentares, mentores ou criadores dessa lei, tampouco a Presidente da República, que a sancionou, saberiam explicitar o alcance ou o sentido preciso de "castigo físico" com o emprego de "força física" que redunde em "sofrimento físico" ...

Claro que as palmadas corretivas permanecem inalteradas no cotidiano das famílias!

Claro que as chineladas disciplinadoras continuam em plena voga nos lares e fora deles!

Claro é, também, que dentro de mais um poucochinho de tempo absolutamente ninguém se lembrará desse terrível e abnegado esforço que nossos bravos representantes fizeram em benefício da sociedade brasileira, no objetivo louvável de livrá-la, limpá-la e expurgá-la da selvageria e da hediondez de chineladas e palmadas aplicadas em bumbuns inocentes...

Ah! Ia-me esquecendo de salientar que a "inocência dos bumbuns" permanece em toda a sua plenitude até a idade de dezessete anos, onze meses e vinte e nove dias, conforme somos todos ensinados pelos nossos zelosos e inigualáveis Parlamentares, por expoentes da Psicologia e pelos admiráveis Intelectuais de plantão.

segunda-feira, 2 de março de 2015

A VERGONHA QUE NÃO ENVERGONHA

A boa orientação dos filhos, pelos pais, inclui o encorajamento e o ensinamento sobre a maneira de ser ou de portar-se naturalmente sem vergonha, como estilo espontâneo e pragmático de vida, sem perder a noção dos limites que, se não observados, isto é, por efeito de inadequada orientação ou instrução, poderiam lamentavelmente vir a se tornar autênticos sem-vergonha.
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