quarta-feira, 18 de junho de 2014

AUTOPROCLAMAÇÃO CALVINÍSTICA

Seria de hígido tom, ou ético, ou elegante, ou de bom testemunho, que alguém se proponha a escrever um livro de conteúdo cristão, no intuito declarado de discorrer acerca da Palavra de Deus, emitindo, com ares impositivos e catedráticos, opiniões doutrinárias pretensamente insusceptíveis de discordância ou mesmo de debate, e, nessa estranha trilha, lançar repetidas ofensas verbais e abertos xingamentos relativamente a outras pessoas que eventualmente detenham pensamento doutrinário apontando para outra rota?

Lamentavelmente, é o que protagonizou João Calvino no texto e no contexto do livro que contém seu nome como Autor, chamado "Institutas’, salpicado de incríveis invectivas e referências tristemente pejorativas e chulas.

E, curiosamente, apenas um homem, entre inúmeros no mundo, fora não apenas poupado por Calvino, mas abertamente por ele aplaudido e reverenciado como “santo homem”, e esse era, num indizível paradoxo, ninguém mais, ninguém menos que o padre conhecido pelo nome de Agostinho de Hipona, clérigo do catolicismo romano, organização essa reputada veementemente pelo mesmo João Calvino como ‘ASQUEROSA MERETRIZ’.

Bem a propósito, acerca da organização ou da estrutura eclesiástica romanista Calvino de modo iracundo assim verbera (vol. IV, págs. 101 e 102):

“E se alguém olha e examina devidamente toda esta estrutura de governo eclesiástico que existe hoje sob o papismo, verá que não há no mundo bandidos mais desavergonhados. Tudo é tão contrário à instituição de Cristo, e tão oposto a ela, tão diferente do costume antigo e tão contra a natureza e a razão, que não se poderia fazer maior injúria a Cristo do que servir-se de seu nome para dourar um regime tão confuso e desordenado”. E mais adiante, o francês expõe contundentemente: “Nenhuma classe de homens hoje é de pior reputação no luxo, na efeminação, nos prazeres, por fim em todo gênero de dissoluções. De nenhuma classe de mestres há mais refinados ou mais hábeis de toda impostura, fraude, traição, perfídia; em parte alguma há tanto de solércia ou de ousadia para fazer o mal. Deixo de mencionar a arrogância, a soberba, a rapacidade, a crueldade; deixo de lado a dissoluta licenciosidade em todos os aspectos da vida; o mundo está cansado de suportar coisas do gênero, o que não há como eu exagerar em demasia”.

Especificamente quanto aos ataques de Calvino a todos quantos d’algum modo dissonantes de sua doutrina, eis alguns exemplos de seu livro colhidos:

Neguem esses cães que o Espírito Santo haja descido sobre os apóstolos ou, quando menos, anulem a credibilidade da história.” (vol. I, pág. 97)

“Elas vêm muito a propósito para que os inimigos da pura e sã doutrina sejam desbaratados, mormente em que, com seu serpear sinuoso e insinuante, estas serpentes escorregadias se escapolem, a menos que sejam acossadas com vigor e, apanhadas, sejam esmagadas.” (vol. I, pág. 130)


“O mesmo entende Oséias que, após recontar a luta que Jacó sustentou com o anjo, diz: “O Senhor é o Deus dos Exércitos; o Senhor, seu nome é um memorial perpétuo [Os 12.5]. Serveto rosna novamente, dizendo que Deus havia tomado a pessoa de um anjo.” (vol. I, pág. 138)


“Deste charco saiu outro monstro não diferente. Pois certos biltres, para evadir-se à odiosidade e ignomínia da impiedade de Serveto, confessaram que, na realidade, há três pessoas, desde que se faça, porém, a restrição de que o Pai, que é o único verdadeiro e propriamente Deus, ao formar o Filho e o Espírito, neles comunicou sua deidade.” (vol. I, pág. 152)


“Quão cuidadosamente esquadrinhou Agostinho os escritos de todos estes, em relação aos quais estes biltres são extremamente contrários, e quão reverentemente aquele os abraçou, não há necessidade de dizer absolutamente nada.” (vol. I, pág. 161)


Daqui procede que, com suas virulentas mordidas, ou, pelo menos, com seu ladrido, tão numerosa matilha de cães hoje invista contra esta doutrina, já que não querem que se faculte a Deus mais do que lhes faculta a própria razão a eles próprios. (vol. I, págs. 212 e 213)

Portanto, fora com essa petulância canina, a qual na realidade pode ladrar, à distância, contra a justiça de Deus, não, porém, tocá-la! (vol. I, pág. 217)


Os testemunhos que, depois disto, daqui e dali respigam da Escritura não haverão de causar muita dificuldade até mesmo aos entendimentos menos aquinhoados, que simplesmente tenham devidamente se embebido das refutações precedentes. (vol. II, pág. 100)

Impõe-se-nos, entretanto, precaver-nos da diabólica imaginação de Serveto, que, enquanto pretende exaltar a grandeza da graça de Cristo, ou, pelo menos, finge querer, abole totalmente as promessas, como se chegassem ao fim juntamente com a lei. Enquanto isso, nos ordena o Espírito Santo a reclinarmos sobre as promessas, a cuja autoridade entre nós deve conter todos os ladridos desse cão imundo. (vol. II, pág. 183)


E, além do mais, o que já por si só era mui útil se converte numa necessidade pela importunação desse monstro chamado Serveto, e de alguns anabatistas exaltados, que não fazem caso algum do povo de Israel, não mais que se dá a uma vara de porcos, e pensam que nosso Senhor outra coisa não quis senão cevá-los na terra sem esperança alguma da imortalidade. (vol. II, pág. 186)


Mas, na verdade, demasiado prolixo seria referir quão vergonhosamente o próprio Serveto reflete consigo, a cada passo. Deste sumário, concluirão os leitores assisados que, com os engenhosos rodeios de um cão impuro, foi de todo extinguida a esperança de salvação. (vol. II, pág. 247)


Na verdade, nem mesmo dou atenção aos ladridos de Pighi, nem de cães da mesma laia, quando investem contra esta restrição da fé à promessa da graça, como se, fragmentando a fé, apanhe só uma porção dela. (vol. III, pág. 54)


É uma impiedade intolerável querer destruir a confiança de nossa salvação sob o pretexto da dupla justiça, a qual esse demente quis forjar e querer-nos fazer caminhar pelas nuvens para separar-nos da tranqüilidade de nossa consciência, que se apoia na morte de Jesus Cristo, impedindo-nos de invocar a Deus com ânimo tranqüilo e confiante. (vol. III, pág. 207)


Aqui, que esses asnos ergam as orelhas. Se a confissão auricular era uma lei de Deus, como teria Nectário ousado suprimi-la e desarraigá-la? Acusarão a Nectário de heresia e de cisma, santo homem de Deus, aprovado por todos os sufrágios dos antigos? (vol. III, pág. 105)


Pelo mesmo procedimento, esses malditos embusteiros dividem em duas partes o pacto divino, no qual se contém nossa salvação; (vol. III, pág. 374)


No entanto, uma vez que estes cães virulentos não vomitam contra Deus uma única espécie de blasfêmia, as responderemos uma a uma, conforme a matéria o requeira. (vol. III, pág. 411)


Aliás, tampouco nos envergonhemos, a exemplo de Paulo, de assim fechar a boca dos ímprobos; e sempre que ousarem ladrar, que se repita: “Ora, quem sois vós, míseros homens, que formulais acusação contra Deus (vol. III, pág. 414)


E obviamente não estão mentindo totalmente, pois que há muitos suínos que conspurcam a doutrina da predestinação com essas impuras blasfêmias, e, até com este pretexto, evadem a todas e quaisquer advertências e censuras... (vol. III, pág. 420)



Mas esse repelente grunhido de suínos é por Paulo corretamente contido. Dizem prosseguir seguros em seus desregramentos porque, se forem do número dos eleitos, os desregramentos nada haveriam de impedir a que, finalmente, sejam conduzidos à vida. (vol. III, pág. 421)

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