segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A VIDA E A MORTE SEGUNDO O CALVINISMO

Conclusão inevitável por parte de quem se aventura nos experimentos literários do gaulês Calvino aponta para a consideração de que a morte, em peculiaríssima bifurcação, despe-se de conseqüência nefasta, seja em amplo ou em estrito sentido, à qual, em mera formalidade e uma única vez, submeter-se-ão alguns poucos que, não obstante corrompidos em si próprios, foram, em virtude do decreto eterno de Deus, sem mesmo o saberem, sem qualquer iniciativa sua, sem nenhum arremedo de mérito e sem qualquer esboço de exercício de vontade, assinalados para a bem-aventurança infindável, a que calvinistas denominam SALVAÇÃO, havendo sido contemplados com os seguintes dizeres lapidares:


"Vinde a mim, BENDITOS PREDESTINADOS DE MEU PAI PARA A VIDA ETERNA".


Ao passo que, para o inumerável restante dos viventes, morrer representa dúplice punição, ou castigo em dobro, ou represália em dois pesos, ou o inevitável salário, costumeiramente chamado por calvinistas como "CONDENAÇÃO", decorrente do estigma do mesmíssimo pecado que predestinatoriamente carregaram consigo desde antes do soberano, insondável e criacionista preenchimento do vazio existencial, sem que, ainda assim, pudessem clamar por uma espécie de absolvição. Para estes últimos, portanto, uma típica lápide:


"Apartai-vos de mim, MALDITOS PREDESTINADOS DE MEU PAI PARA A PRIMEIRA MORTE E PARA A SEGUNDA MORTE".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Real Time Analytics