terça-feira, 22 de dezembro de 2020

PREDESTINAÇÃO CALVINISTA CONFRONTADA

A TEORIA DE JOÃO CALVINO, NA PRÁTICA COTIDIANA, É INTEIRAMENTE NEGADA PELOS SEUS ADEPTOS

Espero que os predestinacionistas-calvinistas não se melindrem, porque não tenho a mínima intenção de ofendê-los. Mas digo:

Todo calvinista, ainda que inconscientemente, ainda que o não perceba, diz o que não pensa e pensa o que não pode dizer.

REFLEXÃO INICIAL

Seria plausível ou possível a alguém que se declare cristão conviver pacificamente e espiritualmente com a possibilidade calvinística de que seu pai ou sua mãe ou seus irmãos ou seus filhos ou todos eles conjuntamente sejam projetados representantes do demônio?

E, diante disso, exprimiria ele em alto e bom som palavras de louvor ou de exaltação a Deus, mostrando-se transbordante de felicidade por ter sido separado e eleito para o céu, não obstante aqueles seus consanguíneos estejam destinados ao reduto de satã?

Diria esse religioso que seu pai, ou sua mãe, ou seus irmãos, ou seus filhos, ou eles todos foram com inteira justiça decretadamente predirecionados para a morte física e a morte eterna antes que existissem, enquanto que ele próprio fora esculpido eletivamente para a vida, embora descendendo de um demônio e também gerando outros demônios, aos quais amou como filhos?

 

Ao mesmo tempo que os Protestantes criticam veementemente, e com razão, o Catolicismo Romano em virtude das várias heresias ali cultivadas, incluindo a figura do Papa, tida como símbolo de inerrância e infalibilidade, eles mesmos (Protestantes) igualmente elegeram o seu próprio Papa cujo nome é João Calvino, homem esse que é aclamado mundo afora como inigualável, insuperável e ímpar doutrinador, o reformador-mor, o sumo teólogo, numa autêntica, embora disfarçada, canonização desse mero homem como uma espécie de Papa do Protestantismo.

 

Chega-se ao inqualificável contrassenso de, pelas palavras de um (respeitável) homem chamado Charles Haddon Spurgeon, elevar o francês Calvino a um patamar de "canonização protestante" e triste menosprezo pela Palavra de Deus, já que Spurgeon, num estranho plágio, manifestou sua "discordância" em relação à afirmativa do Senhor Jesus Cristo (Mt 11:11; Lc 7:28), quando este dissera as mesmas palavras, mas, obviamente, referindo-se ao Profeta João Batista. Transcreve-se a extravasão de Charles Spurgeon:

 

"Among all those who have been born of women, there has not risen a greater than John Calvin." (C. H. Spurgeon, Autobiography, Vol. II)

"Entre os nascidos de mulher não apareceu alguém maior do que João Calvino." (C. H. Spurgeon, Autobiografia, Vol. II) (pasmos!)

Não satisfeito, o mesmo Charles Spurgeon expressou com veemência que "pregar o Evangelho equivaleria a pregar o Calvinismo", numa tentativa de sobreposição das ideias ou teses do João Calvino em relação à Bíblia. Spurgeon assim o declara em livro, cuja transcrição se faz abaixo:


"...I have my own private opinion that there is no such thing as preaching Christ and Him crucified, unless we preach what nowadays is called Calvinism. It is a nickname to call it Calvinism; Calvinism is the gospel, and nothing else."

"...Tenho minha própria e particular opinião de que não há como pregar a Cristo crucificado, a menos que preguemos aquilo que atualmente é chamado de Calvinismo. Calvinismo é um apelido ou epíteto. Calvinismo é o evangelho, e nada mais." Do livro: "Spurgeon's sermons on the cross of Christ"

 

INTRODUÇÃO

AMOSTRAS DA POUQUÍSSIMO CONHECIDA DOUTRINA DE JOÃO CALVINO

 

Observe a ingente absurdidade: Enquanto Miguel Serveto foi queimado vivo como um criminoso animalesco da pior espécie, e cujo imperdoável crime fora manifestar-se dissonantemente do enfoque calvinista acerca do mistério da Trindade, além de expressar-se contrariamente ao batismo de crianças, João Calvino jamais fora sequer questionado relativamente aos seguintes e meramente exemplificativos despropósitos contidos no livro Institutas da Religião Cristã (tradução de Waldyr Carvalho Luz):

Atente-se, abaixo, para a explicação doutrinária de João Calvino, querendo justificar o fato de Deus, segundo as teses desse francês, condenar predestinatoriamente BILHÕES de pessoas para a perdição eterna:

 

"...Yet he professes to know why God so arbitrarily determines the eternal fate of billions of souls: it is 'to promote our admiration of His glory' by the display of His power." (The Story of Civilization, vol. 6, Will Durant – Prêmio Pulitzer e Medalha Presidencial da Liberdade, outorgada pelo Governo dos Estados Unidos da América)

 

TRADUZINDO

"...Contudo, ele professa saber a razão pela qual Deus tão arbitrariamente determina a sorte eterna de bilhões de almas: é para 'promover nossa admiração pela Sua glória' por meio da exibição de Seu poder." (História da Civilização, vol. 6, Will Durant)

NOTA:

Com outras palavras, entende o João Calvino que bilhões de pessoas são arbitrariamente condenadas por Deus tão-somente para que "nós", os eleitos também predestinatoriamente, possamos "admirar" a Glória de Deus...

 

"...Calvin enhanced this feeling of pride in election by making the elect, penniless or not, an hereditary aristocracy: the children of the elect were automatically elect by the will of God." (The story of Civilization, vol. 6. Will Durant – Prêmio Pulitzer e Medalha Presidencial da Liberdade, outorgada pelo Governo dos Estados Unidos da América)

 

TRADUZINDO

"...Calvino intensificava esse sentimento de orgulho pela eleição transformando os eleitos, pobres ou não, numa aristocracia hereditária, isto é: filhos de eleitos eram automaticamente eleitos pela vontade de Deus".


Continua o escritor João Calvino:


"I concede more - that thieves and murderers, and other evil-doers, are instruments of Divine Providence, being employed by the Lord himself to execute the Judgements which he has resolved to inflict. But I deny that this forms any excuse for their misdeeds." (The Institutes, volume único, tradução de Henry Beveridge)

 

TRADUZINDO

"...Eu concedo mais: os ladrões e os homicidas, e os demais malfeitores, são instrumentos da divina providência, dos quais o próprio Senhor se utiliza para executar os juízos que ele mesmo determinou." (vol. I)

NOTAS:

O estuprador de uma criança com três anos de idade que, após o estupro, a mata brutalmente diante do pai e da mãe, age como instrumento da divina providência?

O pedófilo que, após seviciar sexualmente e cortar a garganta de um infante, age como instrumento da divina providência?

O político ladrão, saqueador dos cofres públicos, canalha dos pés à cabeça, age como instrumento da divina providência?

O punguista (batedor de carteira) age como instrumento da divina providência?

O sonegador de impostos que insere dedução falsa na Declaração de Imposto de Renda age como instrumento da divina providência?

O traficante de cocaína, crack etc. age como instrumento da divina providência?

O rufião (aquele que vive da prostituição alheia) age como instrumento da divina providência?

O pastor trapaceiro, mentiroso e estelionatário age como instrumento da divina providência?

Os integrantes do Governo Tirano de Genebra, repugnantemente autocrático e totalitário, que não permitia liberdade de crença e de expressão, do qual fazia parte o João Calvino, quando "condenaram"(sic) Miguel Serveto a ser queimado vivo amarrado a uma estaca, agiram na honrosa qualidade de instrumentos da divina providência e executores do juízo determinado por Deus? Se sim, significa, então e também, que Deus considerou Miguel Serveto como "merecedor" da "fogueira santa" e teria determinado que João Calvino e seus companheiros levassem a cabo o citado juízo?

Todos esses "instrumentos divinos", nessa condição e ao assim obrarem, exercem tão somente o papel de executores dos juízos que Deus determinou, em conformidade com a por João Calvino rotulada como pura e sã doutrina, em conformidade com o que ele próprio declara em tom ameaçador, utilizando-se de xingamentos e expressões rasteiras, incompatíveis com a santidade  que se apregoava a respeito dele próprio, declarando no prefácio do livro em estilo "solene" que sua produção literária constituía "derivação celestial", algo como uma revelação especial que, inclusive, destinava-se, segundo ele, a evitar que os cristãos se enfadassem ou se aborrecessem com a leitura da Bíblia, cuja compreensão somente seria possível com o auxílio indispensável e prioritário de sua aventura literária?

A mim isso me soa como ofensa à cristandade.

Enfadonho poderia ser considerado esse livro. Não, a Bíblia, cujas linhas emergem de inspiração sobrenatural do Espírito Santo.

A propósito, reveja-se o que Calvino estampou no citado prefácio de seu Tratado Religioso:

"...Por essa razão, aliviado será o leitor piedoso de grande aborrecimento e enfado, se à Escritura se achega premunido do conhecimento da presente obra como de um instrumento necessário."

"...Não ouso arrogar-lhe testemunho demasiado lisonjeiro, nem pronunciar-me quanto a quão proveitosa lhe possa ser a leitura, temendo parecer que à minha obra atribuo valor excessivo. Todavia, posso bem prometer que poderá isto ser como que uma chave e entrada que a todos os filhos de Deus outorgue acesso a correta e cabal compreensão da Santa Escritura."

"...E já que forçoso nos é reconhecer que de Deus procedem toda verdade e sã doutrina, ousarei, um tanto presunçosamente, afirmar, com singeleza, a opinião que nutro desta obra: é ela mais de Deus que de mim próprio. Portanto, se algum louvor houver ela de suscitar, a Deus se deve ela render."


"... Exorto, pois, a todos quantos nutrem reverência para com a Palavra do Senhor, a que a leiam e, com diligência, a entesourem na mente; se almejam possuir, primeiro, um sumário da doutrina cristã, em segundo lugar, um meio de fruir real proveito da leitura tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos."

Prossegue João Calvino:

“...E além disso quis com esta nota dar a entender que ele apaga do número de seus filhos aqueles que são fáceis de vingar-se e difíceis em perdoar..." (vol. III):

NOTA:

Implica dizer que a predestinação seria também algo "maleável"(sic), sujeita a "alterações"...

          Referindo-se a Adão, escreveu Calvino:

"...a escolha do bem e do mal lhe era livre. Suma retidão havia em sua mente e em sua vontade" (vol. I):

NOTA:

Observe-se que o escritor aparentemente defende a existência plena do livre-arbítrio relativamente ao primeiro homem. Mas como Adão poderia escolher entre o bem e o mal se o bem e o mal não eram de conhecimento nem dele nem de sua mulher, se tal conhecimento somente poderia ocorrer caso comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal?

Prossegue ele:

“...O melhor meio de que ele pode servir-se para abater essa nossa arrogância. Deus nos aflige ou com ignomínia, ou com pobreza, ou com perda de parentes, ou com doença, ou com outras calamidades" (vol. III):

NOTA:

Deus, no intuito de dissuadir-nos de nossa arrogância, isto é, com o objetivo de fazer com que o eleito "deixe de ser arrogante", inflige-nos doenças, mata nossos parentes, faz que nos tornemos pobres. Esse escritor deixa a nítida impressão de que se transportou no tempo para a Antiga Aliança, quando filhos eram punidos pelas transgressões dos pais etc. etc. Então, se alguém cultivar altivez ou arrogância, seus filhos, seus netos, seus parentes, correm o perigo de ser mortos por Deus simplesmente para que ele "deixe de ser arrogante"?

Mais adiante:

“...nosso sumo bem é não haver nascido, e portanto se deve morrer o quanto antes. 'Confesso que hão sentido, na verdade, com muito acerto aqueles a quem pareceu o melhor o não ser nascido, em seguida, o morrer o mais cedo possível.” (vol. III):

NOTA:

João Calvino admite-se extremista no que se refere ao controle de natalidade, defendendo enfaticamente uma espécie de natalidade zero e, portanto, algo como extinção dos seres humanos da face da terra. Conclui-se, então, que as mulheres grávidas são malvistas por ele e seus adeptos calvinistas. Inevitavelmente, entender-se-á que Calvino rejeita a passagem Bíblica segundo a qual "os filhos são herança do Senhor e o fruto do ventre o seu galardão" (Sl 127:3)?

Diz mais:

"...as próprias crianças, enquanto trazem consigo sua condenação  desde o ventre materno, são tidas como culposas não por falta alheia, mas pela falta de si próprias. Embora ainda não tenham trazido à tona os frutos de sua iniqüidade, no entanto têm encerrada dentro de si a semente. Com efeito, sua natureza toda é uma como que sementeira de pecado. Por isso, não pode ela deixar de ser odiosa e abominável a Deus." (vol. II):


NOTAS:

Uma qualquer mulher que esteja grávida, caso ocorra um aborto no oitavo mês da gestação, jamais poderia saber se o natimorto era Eleito ou Filho de Satã. E na hipótese de a criança nascer com vida e morrer após alguns dias, tendo sido batizada, quais haveriam de ser as palavras do batizante ao ensejo desse sacramento e ao ensejo do funeral da criança? 

Vejam que, com tal posicionamento doutrinário, João Calvino revela-se em rota de heresia também sob outra ótica, ou seja, esse cidadão se opõe ao Senhor Jesus Cristo, João Calvino se opõe à Palavra de Deus, considerando que é a Bíblia, ela própria, que contém palavras solenes, indubitáveis, inquestionáveis do Senhor Jesus no sentido de que: "...Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus" e "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?" (Mt 19:14 e Mt 21:16).

João Calvino considera, então, que Jesus estaria "exagerando"(sic), já que, ao  ver desse escritor, aludindo a Mateus 19:14, relativamente às crianças, "dos tais é o reino do inferno" em sua maioria!! De que plausível maneira um réprobo, um maldito, um predestinado ao inferno poderia ter um momento ou um lampejo efêmero de "perfeito louvor" para, daí a algum tempo, "desabrochar-se" como abominável e eterno habitante do inferno?

Para esse escritor francês, Deus não somente criou o Diabo, mas continua diariamente criando réplicas do Diabo ou Anjos Diabólicos, na medida em que predestina milhões e milhões de pessoas para a perdição eterna a ser "curtida" num lugar chamado inferno, o qual, segundo a Bíblia, é reservado para o diabo e seus anjos. Se considerarmos que a Palavra de Deus ensina claramente que o mundo jaz no maligno e que larga é a porta que conduz à perdição, fica óbvio que a maioria esmagadora das crianças que são cotidianamente geradas não passam de "filhotes do diabo", já que, segundo as teorias doutrinárias do gaulês João Calvino, o decreto predestinatório de Deus não distingue entre crianças no ventre, ou crianças aos seios da mãe, ou crianças nascidas vivas, ou crianças nascidas mortas, ou crianças com muito tenra idade, ou adultos ou pessoas avançadas em idade. Todos já são concebidos ou já nascem com o chip de predirecionamento eletivo à vida eterna ou com o chip que os encaminhará ao tormento infindável.

Só para relembrar o que está contido nesse mesmo livro rotulado de Institutas, relativamente à tese da Predestinação, que não distingue entre crianças e adultos, entre nascidos e não nascidos:

"... designou de uma vez para sempre, em seu eterno e imutável desígnio, àqueles que ele quer que se salvem, e também àqueles que quer que se percam." (vol. III)

Seria, pois, plenamente lógico concluir que, segundo o olhar doutrinário do cidadão João Calvino, os filhos réprobos ou malditos, na avassaladora maioria dos viventes, representariam, em vez de herança, uma espécie de "maldição" de Deus que as mães carregam no ventre, quando nos lembramos do Salmo nº 127?

Ou pactuaríamos com o pensamento desse francês no sentido de que, mesmo pré-condenadas ao inferno, as crianças constituem uma "bênção" ou um "galardão" divinos?

Além disso: o predestinadamente réprobo, enquanto ainda pequeno, enquanto ainda "diabinho" aos seios da mãe, é capaz de "perfeito louvor", mas logo após atingir determinada idade "diabólica" ele deixa de ser perfeito louvador para ser execrável blasfemador, simplesmente porque "dos tais é o reino do inferno"?

Prossegue Calvino:

"...A buscar ajuda, refugia-se ali onde, para que se conserve incólume, tem necessariamente de prostituir a esposa, o que lhe teria sido, talvez, mais amargo que muitas mortes.” (vol. II):

NOTA:

Para Calvino, Abraão, diante da apertura em que se encontrava durante a caminhada para a terra aonde Deus o destinara, viu-se sem alternativas a não ser "prostituir sua mulher Sara".

Esta é a inacreditável interpretação calvinística de Gênesis 12:11-15, onde se lê tão somente que Abraão pediu a Sara que, se perguntassem, dissesse ser sua irmã, receoso de que o matassem por causa da formosura de sua mulher.

Prossegue o francês:

“Os animais brutos, as próprias criaturas insensíveis, e até as madeiras e as pedras têm como que um certo sentimento de sua futilidade e corrupção, e estão esperando o dia da ressurreição para ver-se livres de sua futilidade juntamente com os filhos de Deus.” (vol. III):

Na versão em inglês: "...Shall the lower animals, and inanimate creatures themselves even wood and stone, as conscious of their present vanity, long for the final resurrection, that they may with the sons of God be delivered from vanity." (pág. 576)

NOTA:

Calvino "equipara" animais, madeiras e pedras ao homem, imagem e semelhança de Deus, e, indo muito mais além do que uma simples prosopopeia, tenta inocular sentimento e até mesmo "alma" e "espírito" em madeiras, pedras e animais, apenas olvidando-se de esclarecer se aos tais se aplicaria a predestinação eletiva ou condenatória...

E, superando todas as expectativas, esse escritor invoca como alicerce para essa "teoria da ressurreição" o Livro de Romanos 8:19-21.

Avança Calvino:

“...Eis o supremo poder com o qual convém que os pastores da igreja sejam investidos. Que obriguem a todo poder, glória, sabedoria, exaltação do mundo a sujeitar-se-lhe e a obedecer-lhe à majestade; sustentados em seu poder, imperem sobre todos, desde o mais alto até o mais baixo; edifiquem a mansão de Cristo, desmantelem a de Satanás; apascentem as ovelhas, submetam os rebeldes e contumazes; liguem e desliguem; enfim, caso se faça necessário, relampejem e despeçam raios; tudo, porém, na Palavra de Deus.” (vol. IV)

NOTA:

O moço João Calvino (seu livro foi escrito quando ele contava vinte e seis anos de idade) revela-se eloquentemente categórico quando, no mesmo livro "Institutas", afirma e reafirma em prosa e verso sua tese no sentido de que os dons espirituais feneceram, não mais subsistem em nosso tempo, não há mais profecias, não há mais línguas, não há mais milagres, não há mais curas, não há mais feitos sobrenaturais. Por que, então, cargas-d'água, ele, numa contradição inominável como essa, em sentido diametralmente contrário assevera megafonicamente que os Pastores (leia-se: somente os chamados Reformados ou Calvinistas e, portanto, ele próprio também) são dotados de "supremo poder", aptos a imperar como "majestades", a "ligar e desligar", a "relampejar" e "despedir raios"?

Expressa-se, mais, esse polígrafo cristão:

"...Se bem que cinza e saco talvez se adequassem mais àqueles tempos, no entanto é evidente que entre nós mui oportuno haverá de ser o uso do pranto e do jejum, sempre que o Senhor parecer ameaçar-nos com algum flagelo ou calamidade. Nem os pastores das igrejas haverão de fazer mal hoje, se ao verem a ruína pendente sobre os pescoços dos seus, bradarem a que se apressem ao jejum e ao pranto." (vol. III)

NOTAS:

Como conciliar tal extravasão literária com as teorias predestinacionistas calvinísticas, segundo as quais tudo cessou a partir da Nova Aliança, em termos de espiritualidade sobrenatural decorrente de dons?

E não apenas o aspecto cessacionista-calvinístico, mas com igual ou ainda maior ênfase quando se traz à lembrança a nuança consistente em que esse homem apregoa que nada acontece que não haja sido e nada acontece que não decorra da preordenação absoluta. Portanto, de que maneira "prantos e jejuns" provocariam alteração nos eternos e imutáveis propósitos do Criador?

Seria prática corrente nos ajuntamentos denominacionais de índole calvinista que os líderes ou pastores aconselhem veementemente os adeptos que se lancem ao jejum e ao choro, no intuito de obterem livramento de flagelos ou calamidades provindos do próprio Deus?

Mais adiante, lê-se:

“Nego, pois, que o pecado deva ser menos imputado por ser necessário; nego, por outro lado, que o que inferem seja procedente, a saber, ser ele evitável, por ser voluntário. Ora, se alguém quer contender com Deus e furtar-se ao juízo com este pretexto, que não poderia ter agido de outra maneira, tem a resposta preparada, o que ressaltamos em outro lugar, a saber, o fato de os homens, convertidos em escravos do pecado, nada poderem querer senão o mal, não provém da criação, mas da corrupção da natureza.

Donde, pois, essa incapacidade que os ímpios de bom grado invocariam como pretexto, senão que, por sua livre vontade, Adão se entregou à tirania do Diabo? Daqui, pois, a corrupção de cujos laços somos mantidos atados, ou, seja, que o primeiro homem desertou de seu Criador. Se desta deserção são merecidamente tidos todos os homens por réus, não se julguem escusados pela própria necessidade, em que têm a mais translúcida causa de sua condenação. E isto expliquei claramente supra, e um exemplo propus no próprio Diabo, de que se fizesse patente que aquele que peca por necessidade, peca não menos por vontade; assim como, por outro lado, nos anjos eleitos, embora a vontade lhes seja indeclinável do bem, entretanto não deixa de ser vontade...” (vol. II)

NOTA:

De acordo com a doutrina do gaulês Calvino, o pecado é não apenas necessário, mas também inevitável. E, ainda que o homem peque "necessariamente" e "inevitavelmente", ele assim age por "espontânea vontade".

O escritor em questão, como lhe é peculiar, apregoa que essa é a "perfeita exegese Bíblica, a pura e sã doutrina". Já em relação à eleição, ou seja, com pertinência aos eleitos, João Calvino assevera que não existe vontade alguma. A vontade só se faz calvinisticamente plausível para a prática do mal, ainda que predestinados condenatoriamente antes da fundação do mundo, antes do nascimento, ainda na qualidade de fetos uterinos, ainda que na condição de cadáveres abortivos, ainda que na condição de bebês lactentes subitamente mortos, todos estes são "celeiros da maldade" e "pecadores compulsoriamente espontâneos"...

Diz também esse religioso:

“Queiras ou não, que teu intento é pendente antes da impulsão de Deus do que da liberdade de tua escolha, esta é a experiência diária." (vol. II)

"...Se é diligentemente examinada, a Escritura mostra que não só as boas vontades dos homens, que de más ele assim as faz, e uma vez feitas, dirige para as boas ações e a vida eterna, mas também aquelas que conservam a criatura no mundo, assim estão sob o poder de Deus, de modo que, por seu mui secreto, porém mui justo juízo, as faz inclinar-se para onde quiser, quando quiser, seja para prestarem benefícios, seja para infligirem castigos." (vol. II)

NOTA:

O escritor quis transmitir o que chamou de "experiência diária" no sentido de que tudo o que todas as pessoas fazem ou deixam de fazer na verdade não fazem nem deixam de fazer, porque Deus não as dotou ou não nos dotou nem de espontaneidade, nem de intento, nem de iniciativa, nem de vontade, nem de escolha...

Prossegue o autor:

"...Que nos confessemos àquele que do seio da Igreja tenha se mostrado especialmente idôneo, contudo, visto que os pastores são idôneos para julgar muitíssimo acima dos demais, deverão também ser de preferência escolhidos por nós.

Não negligenciar o remédio que lhe é oferecido pelo Senhor, isto é, que para aliviar-se use da confissão particular perante seu pastor, e para alcançar consolações para si implore em particular a ajuda daquele cujo ofício é consolar.

Esta foi a forma de se confessar na Igreja antiga, como também Cipriano o relembra: 'Fazem penitência', diz ele, 'pelo tempo justo, então vêm à confissão e, mediante a imposição de mãos do bispo e do clero, recebem o direito de comunhão.

Não vulgar ou leve consolo é ter ali presente o embaixador de Cristo, munido do mandato de reconciliação, por meio de quem ouça pronunciar-se sua absolvição.

Quão grande beneficio é que se compreende estar perdoado por aqueles a quem Cristo disse: 'A todos quantos perdoardes os pecados na terra, terão sido perdoados no céu!'. Se o mesmo revelou a seu pastor a ferida secreta de sua alma e tenha dele ouvido, dirigida diretamente a si, esta mensagem do evangelho: 'Perdoados são teus pecados; tem confiança, à segurança firmará o ânimo e se libertará dessa ansiedade de que antes ardia.” (vol. III)

NOTA:

Por incrível que parecer possa, João Calvino, em meio a referências as mais enfaticamente depreciativas, abominadoras e execratórias, dirigidas especialmente ao Catolicismo Romano e à Estrutura Papal em seu livro "Institutas", defende, não obstante, lá mesmo, a prática romanista da "penitência", seguida da "confissão auricular", depois o "perdão pastoral", isto é, a "absolvição concedida pelo embaixador de Cristo" através da qual se abre caminho à comunhão.

Prossegue João Calvino:

“O mesmo ensina ainda o Apóstolo, em outro lugar, que Deus a todos encerrou debaixo da incredulidade, não para que os perca, ou deixe que todos pereçam, mas para que ele tenha misericórdia de todos. (vol. II)

NOTA:

Trata-se de enfoque doutrinário inominável, na medida em que, sabidamente, rotundamente e explicitamente, João Calvino é defensor ardoroso e iracundo daquilo que ele próprio denomina "pura e sã doutrina"(sic), segundo a qual não existe misericórdia para todos; aliás, não existe misericórdia para nenhum vivente, exceto para aqueles pouquíssimos que contemplados com o chip da eleição pré-uterina. Como se vê, tal posicionamento pode até mesmo ser tomado como ofensivo para quem se aventura na literatura do francês, pois que o autor, ao que parece, supõe que pessoas não estejam aptas à leitura...

Escreveu também Calvino o seguinte:

"...Elas vêm muito a propósito para que os inimigos da pura e sã doutrina sejam desbaratados, mormente em que, com seu serpear sinuoso e insinuante, estas serpentes escorregadias se escapolem, a menos que sejam acossadas com vigor e, apanhadas, sejam esmagadas." (vol. I)

Na versão em língua inglesa:

"...Of this, we of the present day have too much experience in being constantly called upon to attack the enemies of pure and sound doctrine. These slippery snakes escape by their swift and tortuous windings, if not strenuously pursued, and when caught, firmly held." (vol. único)

NOTA:

João Calvino defendeu tranquilamente o extermínio, o esmagamento, a execução de quaisquer pessoas que se pusessem a pensar diferentemente dele...



CURIOSIDADES CONTIDAS NO LIVRO DOUTRINÁRIO DE JOÃO CALVINO

- O padre Martinho Lutero não é citado NEM UMA ÚNICA VEZ por Calvino nos quatro volumes do livro Institutas. Depreende-se claramente, pois, que, para João Calvino, o padre Lutero NEM MESMO EXISTIU ou, se existiu, não teve "paternidade reformatória" nenhuma, ao contrário do que historicamente se diz a respeito de Lutero, aclamado como "Pai da Reforma"(sic). E isso pode ser explicado de maneira lógica, considerando que os respectivos pensamentos doutrinários de Calvino e de Lutero revelam-se manifestamente antagônicos, razão óbvia pela qual esse escritor francês reputava aquele escritor alemão como herege, entre numerosas outras razões porque esse padre alemão era confessadamente antissemita e declaradamente purgatorista.

       De fato, Lutero escreveu coisas surpreendentes, que podem assim ser exemplificadas:

 

"...I hope that in this booklet a Christian who does not desire to become Jewish will find sufficient arguments to guard against the blind, poisonous Jews, and will also become an enemy of the wickedness, lies, and cursing of the Jews, and come to the knowledge that their belief is not only false, but that they are also possessed of all the Devils." (The Jews and their lies, formato pdf, pág. 61, Christian Nationalist Crusade - P. O. Box 27895  - Los Angeles 27, California).

 

E mais:

 

"...É-me certíssimo que existe um purgatório. Não me impressiona muito o que blateram os hereges, visto que, já há mais de 1.100 anos, no livro IX de suas Confissões, o B. Agostinho ora por sua mãe e seu pai e pede que se ore [por eles], e sua santa mãe, ao morrer (como ele lá escreve), desejou que sua memória [fosse lembrada] junto ao altar do Senhor;" (Obras Selecionadas, formato pdf, pág. 96, Editora Sinodal, Caixa Postal 11 93001 - São Leopoldo – RS (0512)92-6366 - Concórdia Editora Ltda. Caixa Postal 3230 90001 - Porto Alegre – RS (0512) 42-2699)...".

Diante disso, e por sua vez, João Calvino, em polo longitudinalmente oposto, com grandes letras destacou a respeito do imaginário purgatório defendido por Martinho Lutero:

 

"Mas, uma vez que o purgatório está edificado sobre muitas blasfêmias, e diariamente seja embasado de novas blasfêmias, e uma vez que suscita muitas e graves ofensas, de fato não há como fazer dele vistas grossas. É possível que por algum tempo se pudesse silenciá-lo, dizendo-se que foi forjado à margem da Palavra de Deus, por um curioso atrevimento e uma vã temeridade, por haver-se crido em virtude de não sei que revelações inventadas por Satanás, e por ter sido nesciamente corrompidas certas passagens da Escritura para confirmá-lo. Portanto, precisamos gritar quanto pudermos e afirmar que o purgatório é uma perniciosa invenção de Satanás, que destrói todo o valor da cruz de Cristo, e que infere uma gravíssima afronta à misericórdia de Deus, dissipa e destrói a fé....". (Institutas, vol. III, págs. 146 e 147, tradução de Waldyr Carvalho Luz).

Fica muitíssimo claro e patente, por conseguinte, que, para o francês João Calvino, o padre Martinho Lutero jamais poderia ser reputado como "Pai da Reforma" (suposta), em virtude da sua condição de defensor de heresias e de "revelações inventadas por Satanás".

 

OUTRAS CURIOSIDADES DETECTADAS NAQUELE LIVRO

- O médico, filósofo e estudioso cristão Miguel Serveto é citado 49 vezes (sem considerar citações de índices e notas de rodapé) por Calvino: 9 no primeiro volume, 20 no segundo, nenhuma no terceiro e 20 no quarto, sempre com o propósito ameaçador e virulentamente depreciativo através de xingamentos e execração.

- O Rei dos Reis e Senhor dos Senhores Jesus Cristo é citado 96 vezes (sem considerar citações de índices e notas de rodapé) por Calvino: 6 no primeiro volume, 22 no segundo, 44 no terceiro e 24 no quarto.

- O padre Agostinho é o campeão absoluto na preferência do gaulês Calvino, tendo sido agraciado 332 vezes (se contadas citações de índices e notas de rodapé, somam mais de 400) com referências as mais esmeradas possíveis: 38 vezes no primeiro volume, 81 no segundo, 87 no terceiro e 126 no quarto, sempre com a finalidade explícita de exaltação e extrema reverência.

NOTA:

Estranha essa atitude literária do João Calvino...


 

SIMILARIDADE MAÇÔNICA

 

Na versão em língua inglesa do Manual de Calvino chamado ‘Institutas’, ele assim se exprime a certa altura:

 

“He will not say that chance has made him differ from the brutes that perish; but, substituting nature as the architect of the universe, he suppresses the name of God.” (vol. único, pág. 60, tradução de Henry Beveridge)

 

Já na roupagem em português, o tradutor perceptivelmente direcionou o texto de modo a omitir palavras ou expressões que pudessem ocasionar algum tipo de mal-estar entre leitores mais atentos. Vejamos como ficou esse trecho na língua da República Verde-Amarela:

 

“Não dirão que se distinguem dos seres brutos por obra do acaso. Todavia, sobreposto o véu da natureza, a qual lhes é o artífice de todas as coisas, alijam a Deus.” (vol. I, pág. 64, tradução de Waldyr Carvalho Luz)

 

Comparando ambos os textos, ou ambas as versões, perguntar-se-á o leitor se o tradutor para o português quis deliberadamente suprimir qualquer expressão que deixasse à mostra possível simpatia ou mesmo filiação de Calvino à Maçonaria, de vez que, sabidamente, no âmbito dessa Confraria Secreta cultua-se um deus designado por G.A.D.U., ou Grande Arquiteto do Universo.

 

Ao que se pode fácil e claramente observar, a versão em inglês faz explícita referência ao tal “Arquiteto do Universo”, ou “deus” dos maçons. Por conseguinte, qual de ambas seria mais ou perfeitamente coerente com o original em francês, supondo que Calvino, por ter nascido na França, houvesse escrito o livro ‘Institutas’ em sua própria língua? E em latim, qual dessas expressões reteria em si, com fidelidade, o que Calvino de fato escreveu?

 

Por que plausível e lógica razão a versão em inglês contém a expressão “substituting nature as the architect of the universe” , a qual, uma vez vertida para a língua falada no Brasil, acabou metamorfoseada para: “sobreposto o véu da natureza, a qual lhes é o artífice de todas as coisas"?

 

De outro ângulo, nesse mesmo Manual de Religião (o próprio autor chama seu livro de "Manual de Instrução", ao que se vê no vol. III) tão e estranhamente venerado por calvinianos, o huguenote João Calvino refere-se a Deus como “A.D.U.” (Arquiteto do Universo) ou “S.A.D.U.” (Supremo Arquiteto do Universo) ou A.O.T.U. (Architect of the Universe) ou S.A.O.T.U. (Supreme Architect of the Universe), ou seja, numa prática ou num estilo literário perceptivelmente alheado da Palavra de Deus, abrindo inevitável ensejo a ilações várias.

 

Vejamos:


Mas, embora tenhamos de derivar do Novo Testamento muitos testemunhos, outros também da lei e dos profetas, onde se faz expressa menção de Cristo, contudo todos tendem a este fim: que Deus, o Artífice do universo, se nos patenteia na Escritura; e o que dele se deva pensar, nela se expõe, para que não busquemos por veredas ambíguas alguma deidade incerta.” (vol. I, pág. 78, tradução: Waldyr Carvalho Luz)

 

 

“Logo, longe de nós tolerar a ideia de um começo dessa Palavra que sempre foi não só Deus, mas também, depois, o Artífice do universo. (vol. I, pág. 135, tradução: Waldyr Carvalho Luz)

 

“Portanto, quis ele se fizesse patente a história da criação, apoiada à qual a fé da Igreja não buscasse a outro Deus, senão aquele que foi por Moisés proposto como o Artífice e Fundador do universo. (vol. I, pág. 163, tradução: Waldyr Carvalho Luz)

  

Em seus comentários ao Livro de Salmos, especificamente na abordagem do Salmo nº 19, esse cidadão não mostra ou não demonstra preocupação quanto à Biblicamente imprescindível maneira de evocação de Deus, utilizando-se das mesmas expressões contidas nas abreviaturas supra, isto é, “Arquiteto do Universo” (A.D.U.), “Supremo Arquiteto do Universo” (S.A.D.U.) etc.

 

Transcreve-se a seguir:

 

“À medida que reconhecemos que Deus é o supremo Arquiteto, o qual erigiu a linda estrutura do universo, nossas mentes, necessariamente, se sentirão arrebatadas, com espanto repassado de êxtase, por sua infinita benevolência, sabedoria e poder.” (Comentários aos Salmos, pág. 414)

 

Também na versão em inglês:

 

As soon as we acknowledge God to be the supreme Architect, who has erected the beauteous fabric of the universe, our minds must necessarily be ravished with wonder at his infinite goodness, wisdom, and power.” (Commentary on Psalms, pág. 310)

 

Semelhantemente, no apontado conjunto de Didática Religiosa "Institutes of the Christian Religion", tradução de Henry Beveridge:

 

"Hence God was pleased that a history of the creation should exist—a history on which the faith of the Church might lean without seeking any other God than Him whom Moses sets forth as the Creator and Architect of the world." (pág. 142)

 

"The former is exemplified when we consider how great the Architect must be who framed and ordered the multitude of the starry host so admirably, that it is impossible to imagine a more glorious sight, so stationing some, and fixing them to particular spots that they cannot move;" (pág. 156)

 

Por conseguinte, o mesmo João Calvino induz, conduz ou força os leitores à inevitável conclusão de que ele seria abertamente maçom. E, na hipótese de, eventualmente, ele não ter sido adepto da ou filiado à Maçonaria, por que cargas-d'água fez uso de modos ou expressões maçônicas em seu livro de doutrina religiosa?


E que não surjam ou não se insurjam os admiradores das teorias doutrinárias do apontado e inegavelmente brilhante escritor, trazendo argumentos em sua defesa, deturpando ainda mais a Bíblia, como se a Deus pudessem ser imputados "apelidos" os mais variados, sejam esses utilizados por João Calvino, sejam outros que provenham da  inspiração ou da criatividade doutrinária de  eruditos. Nesse sentido, admitir-se-ia que a Palavra de Deus passasse pela deturpação voltadamente para que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó deixasse de ser o Deus de Abraão, Isaque e Jacó? E, pois, doravante sendo referenciado por gracejos como "Arquiteto do Universo", "Suma Inteligência do Universo", "Invencível do Universo", "Supremo Arquiteto do Universo", "Gerente do Universo", como se todos esses epítetos representassem algo equivalente a tratamento honorífico ou de louvor a Deus?

 

Isso, fazendo uso de expressão popular enfática e bem inteligível: seria de lascar o cano! Seria a negação explícita da Bíblia, porquanto é a Palavra de Deus, e somente ela, que ensina como nós, cristãos, devemos nos referir a Deus. Por exemplo, no Livro de Êxodo, capítulo 3, versículo 15; capítulo 6, versículos 2 e 3; e no Livro de Amós, capítulo 4, versículo 13, encontramos as seguintes e inconfundíveis advertências ou ensinamentos:

 

"E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração." (Êx 3:15)

 

"Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o SENHOR. E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o SENHOR, não lhes fui perfeitamente conhecido." (Êx 6:2 e 3)

 

"Porque é ele o que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual é o seu pensamento, o que faz da manhã trevas e pisa os altos da terra; Senhor, o Deus dos Exércitos é o seu nome." (Am 4:13)

Na hipótese de escritores, como João Calvino, desejarem ardentemente ou incontrolavelmente fazer uma espécie de "variação" relativamente ao Nome de Deus, têm eles à sua disposição outras passagens Bíblicas segundo as quais o Criador se identifica como "Senhor", "Eu Sou", "Jeová", "Deus dos Exércitos", exemplificativamente. E, sabidamente, não há, na Bíblia, nenhuma esdrúxula referência a "Grande Arquiteto do Universo" ou "Arquiteto Do Universo" ou "Supremo Arquiteto Do Universo", expressões típicas, próprias e adequadas ao ambiente maçônico e que lá devem ser deixadas.

Paralelamente a tudo isso, e como se isso não bastasse, os adeptos do segmento religioso chamado calvinismo empregam desmedidos esforços no sentido de manter os correligionários no pleno desconhecimento a respeito de outras nuanças atinentes ao francês João Calvino, de modo a não provocar inevitáveis inquietações ou deslustres de sua boa reputação. Nesse sentido, omitem-se disparates doutrinários defendidos pelo cidadão Calvino em sua construção literária Institutas da Religião Cristã e que, não obstante, são mantidos numa espécie de "abafamento" ou cuidadosa ocultação.

 


DESFAZENDO NARRATIVAS

 

A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE O EPISÓDIO ENVOLVENDO JOÃO CALVINO E MIGUEL SERVETO

 

Como sabido de todos, LÍDERES DE IGREJAS OU SEGMENTOS RELIGIOSOS DE ORIENTAÇÃO CALVINISTA, no afã ou na firme determinação de manter em oculto as variantes chocantes que matizaram a relação entre João Calvino e Miguel Serveto, invariavelmente envidam todos os esforços com vistas a criar uma atmosfera de quase-santidade para João Calvino, ao ponto de proclamar em grandes brados coisas como:


"João Calvino não determinou a execução de Miguel Serveto".

"João Calvino nunca matou ninguém".

"João Calvino não detinha poderes para condenar ninguém".


Isso é vexatoriamente inverossímil!

 

"João Calvino foi um homem de oração".

"João Calvino foi um cristão zeloso pela palavra de Deus".

"João Calvino foi um homem piedoso".


Isso é parcialmente verdadeiro, pelo menos sob específicos aspectos igualmente históricos, que serão a seguir delineados.


Bem, se essas afirmativas houvessem sido proferidas em razão de desconhecimento histórico rudimentar, poder-se-iam justificadamente desculpar esses líderes sob a projeção de que se trata de um imenso equívoco.

 

Todavia, a realidade é que não se configura mero equívoco, mas lamentavelmente propositada distorção da verdade, considerando que os registros históricos aí estão, à disposição de quem os desejar conhecer e, evidentemente, supõe-se que cristãos, mormente líderes cristãos, detenham todo o interesse em conhecer a verdade e nela se escudar.


Pois bem. Ao contrário das afirmações elogiosas acima reproduzidas, feitas por adeptos do calvinismo e relativas a João Calvino, pode-se e deve-se imprescindivelmente rebatê-las em prol da verdade, primeiramente destacando que João Calvino, sob a justificativa de estar, como dito pelos calvinistas, "zelando pela Palavra de Deus", em realidade dela distanciou-se ao fazer, em Genebra, uma espécie de "regresso"
no tempo, infiltrando-se na Antiga Aliança e apoiando-se nos preceitos a ela pertinentes, e, na autoatribuída qualidade de Profeta Enviado de Deus, pôs-se a punir, humilhar, castigar, torturar e matar pessoas, e, por inacreditável que pareça, afirmando estar agindo em estrita conformidade com o mandado do Altíssimo.


Destoantemente do que cantado em prosa e verso por praticantes desse segmento religioso, Calvino era, sim, o máximo mandatário de Genebra, era o chefe do Consistório, era a suprema autoridade, era a voz de comando da Teocracia Veterotestamentária e Totalitária instaurada por ele próprio naquela região.


Ele via a oração como algo sem nenhum efeito celestial, porque considerava tanto a oração quanto a eventual resposta ou mesmo a ausência de resposta como ato ou fato integrante do decreto predestinatório eterno, imutável, infalível e inquestionável de Deus.


Atente para as seguintes transcrições do livro The Story of Civilization, de Will Durant – Prêmio Pulitzer e Medalha Presidencial da Liberdade, outorgada pelo Governo dos Estados Unidos da América:

 

"...The authority of the clergy over Genevese life was exercised through a Consistory or Presbytery composed of five pastors and twelve lay elders, all chosen by the Council. Calvin held power as the head of this Consistory; FROM 1541 TILL HIS DEATH IN 1564 HIS VOICE WAS THE MOST INFLUENTIAL IN GENEVA."


TRADUZINDO
"...A autoridade do clero sobre a vida dos genebrinos era exercida através de um Consistório ou Presbitério composto por cinco pastores e doze anciãos, todos escolhidos pelo Conselho. Calvino detinha poder como chefe desse consistório. De 1541 até sua morte em 1564 sua voz era a mais influente em genebra."

 

"...Outside of this Church there is no salvation. The ideal government will be a theocracy, and the Reformed Church should be recognized as the voice of God. All the claims of the popes for the supremacy of the Church over the state were renewed by Calvin for his Church."

 

TRADUZINDO

"...Fora desta Igreja não há salvação. O governo ideal é a teocracia, e a Igreja reformada deve ser reconhecida como a voz de Deus. Todas as pretensões dos Papas pela supremacia da Igreja sobre o Estado foram renovadas por Calvino em prol de sua Igreja."

 

"Should anyone come after the sermon has begun, let him be warned. If he does not amend, let him pay a fine of three sous." No one was to be excused from Protestant services on the plea of having a different or private religious creed; Calvin was as thorough as any pope in rejecting individualism of belief."

 

TRADUZINDO
"...Se alguém chegasse atrasado ao sermão, seria advertido ou admoestado. Se não se emendasse, teria de pagar multa. Ninguém poderia se eximir das atividades religiosas protestantes sob o pretexto de terem ou adotarem credo ou crença diferente. Calvino era tão radical quanto qualquer papa em se tratando de rejeição à crença individual."

 

"...Let us pray with humility and faith, he tells us, and our prayers will be answered; the prayer and the answer were also decreed."


TRADUZINDO

"...Dediquemo-nos à oração com humildade e fé, ele diz, e nossas orações serão respondidas: a oração e a resposta foram também decretadas."

 

NOTA:

Se a oração e a resposta foram decretadas, seria possível a alguém "se dedicar"(sic) ao cumprimento daquilo que infalivelmente haveria de se cumprir por força de um decreto.

 

"...Persistent absence from Protestant services, or continued refusal to take the Eucharist, was a punishable offense. Heresy again became an insult to god and treason to the state, and was to be punished with death."


TRADUZINDO
"...a ausência persistente às atividades religiosas, ou a recusa continuada ao recebimento da eucaristia ou ceia, representava uma ofensa passível de punição. A heresia, uma vez mais, tornou-se um insulto a Deus e traição ao Estado, e deveria ser punida com a morte."

 

"...Between 1542 AND 1564 FIFTY-EIGHT PERSONS WERE PUT TO DEATH, AND SEVENTY-SIX WERE BANISHED, for violating the new code. Here, as elsewhere, witchcraft was a capital crime; in one year, on the advice of the Consistory, fourteen alleged witches were sent to the stake on the charge that they had persuaded Satan to afflict Geneva with plague."


TRADUZINDO

"...Entre 1542 e 1564 cinquenta e oito pessoas foram executadas e setenta e seis foram banidas por violação do novo código. Lá, como em outros lugares, a bruxaria configurava crime capital. Em determinado ano, por influência do Consistório, quatorze supostas bruxas foram amarradas e mortas em estacas sob acusação de que haviam persuadido Satã para que afligisse Genebra com pragas ou pestes."

 

"...A woman was jailed for arranging her hair to an immoral height. Children were to be named not after saints in the Catholic calendar but preferably after Old Testament characters; an obstinate father served four days in prison for insisting on naming his son Claude instead of Abraham."

 

TRADUZINDO

"...Uma mulher foi presa por pentear seu cabelo de uma maneira ou numa altura imoral. Nomes de crianças obrigatoriamente tinham de ser escolhidos entre aqueles do Velho Testamento. Um pai teimoso foi posto na prisão por quatro dias por insistir em dar ao seu filho o nome de Cláudio em vez de Abraão."

 

"...To speak disrespectfully of Calvin or the clergy was a crime. A first violation of these ordinances was punished with a reprimand, further violation with fines, persistent violation with imprisonment or banishment. Fornication was to be punished with exile or drowning; adultery, blasphemy, or idolatry, with death. In one extraordinary instance a child was beheaded for striking its parents. In the years 1558-59 there were 414 prosecutions for moral offenses; between 1542 and 1564 there were seventy-six banishments and fifty-eight executions."

 

TRADUZINDO

"...Fazer referências desrespeitosas a Calvino ou ao clero era crime. Uma primeira violação punia-se com reprimenda; na reincidência aplicavam-se multas, havendo persistência, prisão ou banimento.  A fornicação era punida com exílio ou afogamento; o adultério, a blasfêmia ou a idolatria, com a morte. Em determinado caso, uma criança foi decapitada por ter golpeado seus pais. No intervalo entre 1542 e 1564 houve setenta e seis banimentos e cinquenta e oito execuções."

 

No contexto da narrativa estampada na citada Obra Literária do premiado escritor e historiador Will Durant, constata-se que João Calvino, ao acusar ferozmente Miguel Serveto de haver perpetrado "crime imperdoável", serviu-se ou apoiou-se em passagens Bíblicas da Antiga Aliança ou da Lei Mosaica, como Deuteronômio 13:5-15, 17:2-5, Êxodo 22:20 e Levítico 14:16.


Nesse sentido, observe os seguintes registros (The Story of Civilization, de Will Durant - Prêmio Pulitzer e Medalha Presidencial da Liberdade, outorgada pelo Governo dos Estados Unidos da América):

 

"...Calvin quoted the ferocious decrees of Deut. 13:5-15, 17:2-5; Exodus 22:20; and Lev. 24:16, and argued from them with truly burning eloquence: '...There is no question here of man's authority; it is God Who speaks, and it is clear what law He would have kept in the Church even to the end of the world. Wherefore does He demand of us so extreme severity if not to show us that due honor is not paid Him so long as we set not His service above every human consideration, so that we spare not kin nor blood of any, and forget all humanity when the matter is to combat for His glory?"

 

TRADUZINDO
"...Calvino invocou como suporte os ferozes decretos contidos em Deut 13:5-15, 17:2-5, Êxodo 22:20 e Lev 24:16, e a partir deles argumentou com flamejante eloquência, bradando assim:

 

 

"...Não se pode aqui questionar a autoridade do homem, pois é Deus quem fala, e é claro qual a lei que Deus manteve na Igreja até o fim do mundo. Portanto, Ele exige de nós extrema severidade de modo a mostrar-nos a devida honra que deve a Ele ser deferida e que Seu serviço esteja acima de qualquer humana consideração, de tal maneira que não poupemos nem familiares nem o sangue de ninguém, e esqueçamos toda a humanidade quando se trate de combater para a glória de Deus."

 

"...Calvin wrote to Farel (February 13, 1546): "Servetus has just sent me a long volume of his ravings. If I consent he will come here, but I will not give my word, for should he come, if my authority is of any avail, I will not suffer him to get out alive."

 

TRADUZINDO

"......Levando Calvino a escrever a Farel (13 de fevereiro de 1546) o seguinte: 'Serveto acaba de me enviar um grosso volume contendo seus delírios. Se eu consentir ele virá aqui, mas não empenharei minha palavra, porque se ele vier e se minha autoridade for de alguma valia, não permitirei que ele daqui saia vivo."

 

Especificamente em relação à inverdade sobre a execução cruel e desumana de Miguel Serveto (queimado vivo amarrado a uma estaca), veja abaixo a narrativa fiel dos acontecimentos.

Ao contrário do que maldosamente se propaga no âmbito do segmento religioso calvinista, João Calvino, além de tê-lo ameaçado ou jurado de morte (conforme transcrição acima), cumpriu à risca essa ameaça, mandando prendê-lo em pleno culto religioso, lançando-o em prisão fétida e repleta de piolhos, e acusando-o de "imperdoável heresia"(sic) consistente em ter uma opinião diferente a respeito da Trindade e do Batismo de Crianças.

Também não é verdade aquilo que comumente se propaga no sentido de que João Calvino houvesse tomado a iniciativa de pedir ao Conselho que, em vez de queimar vivo Miguel Serveto, simplesmente o decapitasse. A realidade nisso tudo foi que Miguel Serveto (ele mesmo) pediu a Calvino que, em vez de "assado vivo", fosse decapitado. a partir, então, desse pedido de Serveto foi que Calvino tentou essa "generosidade" junto ao tal Conselho de Genebra, mas não obteve sucesso.

A esse respeito, confira a seguir o extrato do livro The Story of Civilization, de Will Durant (Prêmio Pulitzer e Medalha Presidencial da Liberdade, outorgada pelo Governo dos Estados Unidos da América), Sexto Volume:

 

"...When Servetus heard the sentence, says Calvin, 'he moaned like a madman, and... beat his breast, and bellowed in Spanish, Misericordia! Misericordia!' He asked to talk with Calvin; he pleaded with him for mercy; Calvin offered no more than to give him the final consolations of the true religion if he would retract his heresies. Servetus would not. He asked to be beheaded rather than burned; Calvin was inclined to support this plea, but the aged Farel, in at the death, reproved him for such tolerance; and the Council voted that Servetus should be burned alive. The sentence was carried out the next morning, October 27, 1553, on the hill of Champel, just south of Geneva. On the way Farel importuned Servetus to earn divine mercy by confessing the crime of heresy; according to Farel the condemned man replied, "I am not guilty, I have not merited death"; and he besought God to pardon his accusers. He was fastened to a stake by iron chains, and his last book was bound to his side. When the flames reached his face he shrieked with agony. After half an hour of burning he died."

 

TRADUZINDO

"Quando Serveto ouviu a sentença, diz Calvino, 'ele gemeu como um louco, bateu no peito e berrou em Espanhol: 'Misericórdia! Misericórdia! Ele pediu para falar com Calvino e implorou por clemência. Calvino ofereceu-lhe não mais que a consolação da religião verdadeira se ele se retratasse de suas heresias. Serveto não quis. Pediu para ser decapitado em vez de queimado vivo. Calvino mostrou-se inclinado a apoiar esse pedido, mas Farel reprovou-o por tal tolerância, e o Conselho votou no sentido de que Serveto deveria ser queimado vivo. A sentença foi executada na manhã seguinte, em 27 de outubro de 1553, na colina de Champel, ao sul de Genebra. No caminho, Farel importunava Serveto para obter a clemência divina confessando o crime de heresia. De acordo com Farel, o condenado replicou: 'Eu não sou culpado, eu não sou merecedor da morte'; e suplicou a Deus o perdão para seus acusadores. Ele foi amarrado a uma estaca com correntes de ferro, e seu último livro preso ao seu lado. Quando as chamas alcançaram seu rosto, ele gritava de agonia. Após meia hora sendo consumido pelas chamas, ele morreu."

 

Fica, pois, evidenciado que João Calvino, longe de qualquer dúvida, fora o responsável direto pela prisão, pela acusação, pelo processo, pela condenação e pela morte horrorosa de Miguel Serveto.

 

Por conseguinte, no que concerne ao cidadão João Calvino, e tomando-se em conta a história tal como fielmente apresentada, deve-se enfatizar que:


Ser piedoso, ou, mais exatamente, ser cristão piedoso, no inconfundível sentido Bíblico, é ser manso, é ser abnegado, é ser humilde, é ser amoroso, é amar o próximo, é preservar o próximo, é honrar a Deus.

 

RESSALVA IMPRESCINDÍVEL: Obviamente (necessário dizer), não estou aqui (longe de mim) a levianamente proferir julgamento sobre João Calvino, mas simplesmente tratando de desfazer as maquiagens tronchas e lamentáveis ou lamentavelmente desfiguradoras e que, por isso mesmo, induzem e têm induzido pessoas ao erro.

 

Se João Calvino foi um Homem de Deus na acepção Bíblica, se João Calvino foi Santo, se João Calvino foi Sumo Teólogo, se João Calvino foi Expoente, se João Calvino foi Erudito, se João Calvino foi Admirável, se João Calvino foi Herói etc. etc., não me cabe a mim dizê-lo, nem tenho o menor interesse nisso. Meu objetivo, repito, é lidar com fatos. E os fatos falam por si mesmos.


Não há como passar despercebido que, longe (muito longe) dos ensinamentos Bíblicos, o próprio João Calvino preconizava abertamente a pena de morte para todos aqueles que, aos seus olhos, fossem reputados como hereges ou blasfemos. Eis, abaixo, transcrição textual do que ele disse a esse respeito, extraída do livro "História da Igreja Cristã", Philip Schaff, vol. VIII, pág. 668:


"...Whoever shall now contend that it is unjust to put heretics and blasphemers to death will knowingly and willingly incur their very guilt." (John Calvin)

 

"...Quem agora argumentar que é injusto matar hereges e blasfemadores estará conscientemente e voluntariamente incorrendo na própria culpa daqueles." (João Calvino)

 

Vê-se, portanto, que, na prática, João Calvino decidiu dar "nova redação"(sic) à Passagem Bíblica de Tito 3:10, ou seja:

Eis o que a Bíblia exprime:

"Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o." (Bíblia: Tito 3:10)

E, abaixo, o que João Calvino, no cotidiano de Genebra, optou por "mudar" na Palavra de Deus:

"Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, mata-o." (João Calvino)


Ele reafirma tal disposição de ânimo também no seu conhecido livro "Institutas da Religião Cristã", como em outra parte deste texto ficou demonstrado.


2 comentários:

  1. Muito bom. O calvinismo beira às raias do diabólico no que se refere a Soteriologia. Um desserviço à gloriosa pregação restauradora, vivificadora e santa Palavra de Deus. Infelizmente pra quem o segue (Calvino), faz seus escritos mais canônicos que as próprias escrituras.

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    1. Penso que "erudição" (pretensa) não se harmoniza com a espiritualidade Bíblica.
      Talvez esse escritor francês tenha sido movido por boas intenções, mas suas teses doutrinárias não trazem alento no contexto da dura (duríssima) realidade existencial que abrange todos os seres humanos.

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