segunda-feira, 12 de maio de 2014

O MUNDO ACABOU

Tanto se falou a esse respeito, tantas predições desorientadas e devaneantes, tantos vaticínios destituídos de mínima consistência, tantas datas extraviadamente apontadas como o terrível dia em que o mundo deixaria de ser mundo, tantos apologetas do fim, tantos anunciadores, ou pré-anunciadores, ou pregoeiros da falência existencial.

Malogrados todos esses numerosos e solenes prenúncios que remontam a décadas e séculos, eis que, sem que a humanidade se desse conta, avançando qual micróbio que corrói pouco a pouco, de dentro para fora, o colapso, afinal, se consumou, muito embora aparentemente tudo esteja em seu curso “natural”, pois que, em verdade, a íntegra da essência da vida já há muito feneceu, putrefez-se, esvaiu-se.

O que diariamente aos nossos olhos se mostra e fervilha não passa de um arremedo de vida perceptivelmente reles, indubitavelmente pífio e diametralmente despido de qualquer consistência. O ser humano metamorfoseou-se num aglomerado de zumbis, caminhando de modo errante, sem bússola, sem deslumbramentos, sem sonhos, sem alento na alma, mascarando-se a cada dia em agonizante expectativa, sem a percepção de que ele próprio e tudo à sua volta evanesceram-se.

A gregariedade permanece teimosamente sendo-nos essencial, não porque dela a rigor a esta altura necessitemos, ou porque por ela ansiemos como se a partir dela poderíamos estar aptos à construção de novos horizontes por cuja trilha seguiríamos ao encontro de algo que nós próprios absolutamente desconhecemos ou simplesmente nem sequer imaginamos.

O enfado, a exaustão física e psicológica, a mesmice que nos despoja de nosso ímpeto de vida, a esterilidade até mesmo das invencionices, os sonhos que se tornam pesadelos, os sonhos irrealizados, os sonhos irrealizáveis, os sonhos que em verdade não eram sonhos, as bobagens rotuladas de sonhos, a utopia do amor ou a incapacidade de amar na acepção genuína; tudo isso representa a lúgubre e fantasmagórica realidade de algo que se foi em definitivo.


Sim, decididamente não há mais mundo. Resta-nos, entanto, a indescritibilidade da esperança representada pela profética promessa Bíblica do Arrebatamento.

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