Ninguém, absolutamente ninguém, neste precário mundo dos vivos pode ser levado muito a sério, simplesmente porque todos nós, sem exceção, não somos fiáveis, pouco ou nada compreendemos e vivemos delirantemente em torno de nós mesmos, empilhando dúvidas egoísticas e tolamente nos enganando dia após dia.
Mencionamos o tempo todo o nome de Deus, como se a Deus conhecêssemos e dele fôssemos íntimos, fazendo uso daquelas milenares e numerosas frases feitas do tipo “se Deus quiser”, “vai com Deus”, “fica com Deus”, as quais tristemente apenas ecoam, ainda que verdadeiramente estejamos na dependência pleníssima da misericórdia por parte daquele que trouxe à existência tudo o que nossos olhos podem contemplar e o mais que nem mesmo é possível imaginar.
Mesmo nesse contexto onde tudo se apresenta dolorosamente inconsistente, o clamor dirigido ao Deus Criador não cessa, não pode cessar, porque representaria, quando mínimo, pactuar com a fealdade da vida, com a normalização de todas as bobagens e atrocidades cotidianas e, em última análise, uma espécie deprimente de renúncia ao verdadeiro sentido dessa mesma vida física, ainda que não a compreendendo.
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