terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A HIPOCRISIA INDIZÍVEL DA CÚPULA REPUBLICANA

Em matéria publicada por Jornal Eletrônico, o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, externou solenemente sua irresignação em relação à execução por fuzilamento do prisioneiro brasileiro na Indonésia, Marco Archer, e, na tentativa de enfatizar sua indignação e igual sentimento da Presidente Rousseff, asseverou que a pena capital (morte) "é um instituto que não só fere preceitos constitucionais brasileiros como é contrário à índole e moral do povo brasileiro"(sic).

Com todo o respeito, eu me permito dizer, como cidadão também brasileiro, que tal pronunciamento beira o delírio ou a ridicularia, na medida em que o Brasil pode ser qualquer coisa menos essa falácia de ser conduzido por princípios "morais"(sic) ou deter "índole"(sic) contrária à pena de morte.

                             O ministro Mauro Vieira concedeu entrevista em
                                       Brasília (Foto: Priscilla Mendes/G1)


Ora, neste país o que mais se faz ou se pratica dia a dia, dia após dia, de dia ou de noite, todos os dias, todas as noites, é MATAR, MATAR, MATAR; ROUBAR, ROUBAR, ROUBAR.

A vida humana nesta Republiqueta não possui nenhum valor, não há leis sadias ou hígidas ou minimamente lógicas; não há cumpridores de leis, não há executores de leis, não há instituições sólidas.


E estas não são meras ou ilhadas afirmações que de mim mesmo eu esteja fazendo, mas representam o retrato fiel de décadas e décadas de baderna escancarada: sessenta mil homicídios por ano, roubos, estupros, pedofilia, corrupção entranhada como praga incontrolável, cadeias públicas e penitenciárias em condições absolutamente e chocantemente degradantes dentro das quais os detentos são impiedosamente condenados a morrer, num ambiente inteiramente hostil, fétido, insalubre, superlotado; nuanças tais que evidenciam que a execução da pena de morte no Brasil, diferentemente do sistema indonésio, ocorre em duas etapas, ou seja, fuzila-se em primeiro lugar a dignidade do ser humano e, após reduzido a zumbi, impõe-se ao prisioneiro a inevitável morte física..."na forma da lei"(sic).

2 comentários:

  1. Seria muito bom se isso pudesse chegar ao Governo da Indonésia. Realmente, é de causar indignação. Creio que em casos como esse, o governo nem tem moral para falar em nome do Povo Brasileiro, pois há aí uma grande controvérsia, entre o Povo e o Governo.

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    1. Penso de modo semelhante ao que você diz. A relação entre o povo brasileiro e seus governantes, a meu ver, além de controvertida emite sinais de clara e lamentável dessintonia, num cenário político-organizacional-social vergonhoso.

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