“...que
nos confessemos àquele que do seio da Igreja tenha se mostrado especialmente
idôneo, contudo, visto que os pastores são idôneos para julgar muitíssimo acima dos
demais, deverão também ser de preferência escolhidos por nós.
...Vemos
que os próprios ministros foram constituídos suas testemunhas e fiadores, para
que tornem as consciências asseguradas da remissão dos pecados, visto que eles
mesmos dizem perdoar pecados e desligar almas [Mt 16.19;
18.18; Jo 20.23].
...Não
negligenciar o remédio que lhe é oferecido pelo Senhor, isto é, que para aliviar-se use da
confissão particular perante seu pastor, e para alcançar consolações para
si implore em particular a ajuda daquele cujo ofício é consolar,
não só pública, mas também particularmente, o povo de Deus mediante o ensino do
evangelho.
Além do mais, esta foi a forma de se confessar na Igreja
antiga, como também Cipriano o relembra: 'Fazem penitência', diz ele, 'pelo
tempo justo, então vêm à confissão e, mediante a imposição de mãos do bispo e
do clero, recebem o direito de comunhão.
A
Escritura desconhece absolutamente outra maneira ou forma de se confessar, nem
nos é necessário acorrentar de novos grilhões as consciências as quais Cristo
proíbe mui severamente sejam reconduzidas à servidão. Entrementes,
que as ovelhas
recorram ao pastor sempre que
quiserem participar da Santa Ceia, de modo algum reclamo, senão que gostaria
sumamente que se observe isto por toda parte.
Pois quando toda a igreja como que se
posta diante do tribunal de Deus, confessa-se culpada e seu único refúgio se
encontra na misericórdia de Deus, não vulgar ou leve
consolo é ter ali presente o embaixador de Cristo, munido do mandato de
reconciliação, por meio de quem ouça pronunciar-se sua absolvição
[2Co
5.20].
...Aqui se recomenda com razão a utilidade das chaves, quando esta
embaixada é desempenhada corretamente, na ordem e com a reverência que convém. De igual modo, quando, recebido o perdão, é
restituído à unidade fraterna aquele que, de certa maneira, se alienara da
Igreja, quão grande beneficio é que se compreende estar perdoado por aqueles a
quem Cristo disse: 'A todos quantos perdoardes os pecados na terra, terão sido
perdoados no céu!' [Mt 18.18; Jo
20.23]. Se o mesmo revelou a seu pastor a ferida secreta de sua
alma e tenha dele ouvido, dirigida diretamente a si, esta mensagem do
evangelho: 'Perdoados são teus pecados; tem confiança [Mt 9.2], à segurança firmará o ânimo e se
libertará dessa ansiedade de que antes ardia.” (Institutas, vol. III, págs.
109, 110, 111, 112)
Ao
sentir de João Calvino, Pastores
detêm o poder das chaves e estão espiritualmente credenciados e aptos a perdoar
pecados, a ligar e a desligar,
e
a eles devem os cristãos se submeter, confessando todas as suas transgressões.
Não
se tem notícia, nesse sentido, se a
denominação religiosa Presbiteriana, assumidamente e formalmente calvinista, mantém em
suas dependências uma espécie de CONFESSIONÁRIO
no
interior do qual o Pastor ouviria as confissões de pecados e outorgaria ou não
o perdão respectivo.
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