“...Quando se estabelece isto: que é em virtude da
clemência divina que vivemos a vida terrena, e que por isso lhe estamos obrigado,
importa que sejamos assim lembrados e agradecidos, então a propósito desceremos
a considerar-lhe a misérrima condição, para que de fato nos desvencilhemos de
sua excessiva paixão, à qual, como foi dito, por natureza nos inclinamos
espontaneamente.” (Institutas, vol. III, pág. 187)
A vida terrena não é resultado da clemência divina,
mas do propósito divino, quando chamou à existência os céus e
a terra e, no
sexto dia, concebeu-nos e soprou em nossos narizes o fôlego da vida.
Vivemos a vida terrena porque Deus nos criou e aqui
nos colocou exatamente para que vivêssemos e povoássemos a terra.
E o triste fato da degeneração do homem, ‘inda que sob a ótica
predestinatória tão apregoada à Calvino e admiradores, não contradiz ou não se opõe a tal veracidade, exceto por um
aspecto, consistente em que originariamente fomos criados
santos e felizes, alheios à existência do bem e/ou do mal; porém,
o espectro da morte (origine-se de onde se origine) nos impôs transitoriedade
existencial física, até que à eternidade cheguemos, embora eternas nossas almas
sempre fossem ou sejam.
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