“Portanto,
esta afirmação de Agostinho
permanece verdadeira: “A graça de Deus não acha ninguém a
quem deva eleger, mas faz com que os homens sejam aptos a ser eleitos.”
Replico, porém, em
contrário, que a predestinação para a graça é subserviente à eleição para a
vida, e lhe é como que serva;
que a graça é predestinada àqueles aos quais a posse da
glória foi prescrita já por longo tempo, visto que o Senhor se deleita em conduzir seus
filhos da eleição à justificação. Portanto, daí se seguirá que a predestinação para a
glória é a causa da predestinação para a graça, e não ao contrário.” (Institutas, vol.
III, págs. 404 e 405)
Essas
asserções, tanto do padre Agostinho, quanto de Calvino, a rigor, não têm ou não exalam nenhum
sentido humanamente assimilável!!
Deus não poderia
ser ao mesmo tempo gracioso e predestinador, tampouco predestinador
e gracioso!
Trata-se
de uma inconciliável desarmonia lógica, racional e espiritual.
Se Ele, pela predestinação, conforme preconiza Calvino, alcança o ser humano com a Graça, se Ele formatou,
se Ele fabricou desde a eternidade, desde antes da existência ou do erguimento
do mundo ou da concepção do mundo, inevitável a conclusão no sentido de que toda
e qualquer pessoa que vier a ter morada nos céus não a terá ou não a terá obtido ou
não a terá alcançado em face dessa aludida Graça no confuso sentido
calvinístico,
mas
unicamente em virtude de uma como ”predestinação pura e simples”, ou, com idêntico significado,
por consectário direto da pré-formatação, ou pré-fabricação; o que,
perceptivelmente, exclui a figura da Graça no único sentido possível, isto é,
GRAÇA como GRAÇA, GRAÇA como DÁDIVA, tal como na Bíblia se contém.
Por conseguinte, soa muitíssimo estranho, não mais do
que um jogo de palavras, falar-se em “predestinação
para a graça” e “eleição para a vida”, ao mesmo tempo em que chega a tilintar nos ouvidos de forma
desarmoniosa e muito incômoda a alusão a algo como “passagem
ou caminho da eleição para a justificação”, quando, agregado a tudo isso, o escritor salienta tratar-se
de “deleite de
Deus”.
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