De
início, permitindo-me, desde já, exprimir a minha própria resposta à indagação
ostentada no título: Teologia e
Espiritualidade perceptivelmente não são sinônimos.
Necessário
admitir que seminários ou instituições símiles de ensino denominado teológico
são de fato e inegavelmente úteis para uma espécie de formação protocolar de
pessoas que queiram se dedicar a práticas religiosas no contexto
eclesiástico-cristão.
Todavia
– e isso me parece óbvio
– , a chamada Teologia em si mesma, ou ensimesmada, mostra-se incapaz de
produzir espiritualidade naqueles ou conduzir à espiritualidade aqueles que se
perfilam e se submetem como aprendizes ou estudantes de Deus, porquanto nesse
específico âmbito ou terreno existencial não basta a Teologia, ou o Mestrado em
Teologia, tampouco o Doutorado em Teologia, independentemente do país onde tais
títulos hajam sido conquistados, seja no Brasil ou em qualquer outra paragem
onde se perceba maior desenvolvimento e seriedade sócio-organizacional.
Por ela,
e apenas por ela, Teologia, obter-se-ão tão-somente pessoas versadas em compêndios,
livros e/ou tratados teológicos, quiçá em proposições teológicas próprias ou de
outrem, conhecimentos tais que advêm todos (ou deveriam obrigatoriamente advir)
dos princípios ou ensinamentos basilares estampados na Bíblia, ao alcance de
qualquer ser humano, isto é:
Deus
criou todas as coisas.
Deus
criou o homem à Sua imagem e semelhança.
O homem
não é produto da evolução de espécies ao longo de milhões ou bilhões de anos.
O ser
humano morre fisicamente, todavia possui uma alma (espírito) imortal, que é resultante
do sobrenatural sopro de Deus em suas narinas.
A morte
é conseqüência do pecado ou desobediência do homem aos mandamentos de Deus,
razão pela qual todos pecaram(mos) a partir da transgressão de Adão.
Narra a
Bíblia que, no princípio, Deus revelava-se aos homens através de enviados
chamados Profetas, sempre no intuito de dissuadi-los do caminho errôneo que
trilhavam, tendo sido, inclusive, instituídas leis de observância cogente, mas
que jamais chegaram a ser devidamente observadas pelo homem.
Como
conseqüência dessa postura inveterada do homem, Deus houve por bem instituir
Nova Aliança, enviando seu Único Filho para que, através de sua morte vicária
(substitutiva), a salvação (vida eterna) estivesse ao alcance de todo aquele
que verdadeiramente se convertesse e, portanto, depositasse sua fé (genuína e
despida de supersticiosidades) no Mediador Único entre Deus e os homens.
Não
há como diplomar
espiritualmente os aprendizes de Teologia, porquanto os
atributos do Espírito constituem ou representam dons de Deus,
que os concede a quem quer, segundo critérios insondáveis, mas que, indubitavelmente,
hão de estar ligados a uma vida de incessante busca de santificação pela fé e
submissão plena ao Deus Todo-Poderoso, cujo nome, eternamente, e cujo memorial,
de geração em geração, é: Deus de Abraão, Isaque e Jacó (Êx. 3:15).
Jesus
veio, o Verbo se fez carne, exatamente como d’antes profetizado e prometido,
cumpriu toda a lei, submeteu-se a si mesmo em prol do homem extraviado e, com
sua morte e ressurreição, estabeleceu d’uma vez por todas uma Nova Aliança, a
partir da qual não há mais leis cerimoniais ou sacrificiais sob qualquer
pretexto e de qualquer estirpe.
Por
conseguinte, resume-se esse Novo Testamento em dois únicos e inemendáveis
mandamentos:
“E Jesus
respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o SENHOR
nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas
forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás
o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Mc
12:29-31)
A assim chamada
erudição teológica involucrada em si é estéril, na medida em que “estudar
Deus” através
da mera freqüência aos cursos ou seminários de Teologia, debruçando-se sobre
definições e conceitos impregnados de subjetivismos e teses audaciosas
pretensamente extraídas exegeticamente das linhas e entrelinhas da Bíblia, certamente
não resultarão em frutos de espiritualidade.