“Portanto,
declara ele que as
virtudes têm nele recompensas,
nem haverá de laborar em vão aquele que
lhe tenha obedecido aos mandamentos. Proclama, por outro lado, que a
injustiça não só lhe é execrável, mas ainda que não haverá de escapar
impunemente, porquanto ele próprio haverá de ser o vingador de sua majestade ultrajada.”
(Institutas, vol. II, pág. 131)
Mas esse discurso de Calvino fere barulhentamente de contradição
toda a doutrinação-mor deste livro, que trata dos propósitos e decretos imutáveis
de Deus, decorrência dos quais a uns impele para o bom e derradeiro caminho e a
outros destina para a infinita perdição, independentemente de qualquer
consideração de virtudes em relação àqueles graciosamente privilegiados, e sem
cogitação de merecimentos ou de atos de injustiça em referência a estes últimos.
Portanto, se
formos virtuosos, d’onde ou por que causa viria a recompensa da ressurreição
definitiva para a vida infindável?
Por outro lado, se
alheios a qualquer virtude, qual a razão da execrabilidade de nosso “molejo de
viver” por cuja causa, após igualmente
passando pela ressurreição, sofreremos a severa punição do Criador, que inclui morrer uma vez e
perecer segunda vez?
Nenhum comentário:
Postar um comentário