E prossegue João Calvino no delineamento de seu Manual da
Religião Cristã:
“E por isso também as
próprias crianças, enquanto trazem consigo sua condenação desde o ventre materno, são tidas
como culposas não por falta alheia,
mas pela falta de si próprias. Ora, embora ainda não tenham trazido à tona os frutos de sua
iniqüidade, no entanto têm encerrada dentro de si a semente. Com efeito, sua
natureza toda é uma como que sementeira de pecado. Por isso, não pode ela
deixar de ser odiosa e abominável a Deus. Do quê se
segue que, com propriedade, esse
estado é considerado como pecado
diante de Deus, pois não haveria incriminação sem a culpabilidade.” (‘Institutas’,
vol. II, formato pdf, pág. 24, tradução de Waldyr Carvalho Luz)
Então, quando
uma criança morre no útero materno, ou ainda em tenra idade, e,
portanto, sem nada ter praticado, sem balbuciar palavra, ainda assim é (ou
poderá ser, dependendo se abrangida pelo decreto predestinatório da condenação
antecedente à fundação do mundo) desprezível, amaldiçoada,
execrada e condenada ao inferno?
E isso,
torne-se a salientar, ‘inda que por efeito e em decorrência
da preordenação divina, de forma
alguma poderia mitigar, inibir ou eliminar a culpa, ou a responsabilidade, ou o
pecado, ou a mácula indelével que jazeria incrustada nela própria?
Com outras
palavras, antes mesmo que nascesse, ou ainda no
ventre da mãe, a criança agravou a Deus, ofendeu-O, blasfemou, fez-se indigna,
EM
TUDO SEMELHANTE, tanto quanto qualquer homicida, tanto quanto qualquer
adorador do diabo, tanto quanto qualquer pessoa cuja vida terrena fora na
inteireza dedicada à prática e ao cultivo da iniqüidade em todas as suas
variantes?
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