No livro chamado ‘Institutas’,
cuja autoria é atribuída a João Calvino, lê-se o seguinte na página 110 do
primeiro volume (formato pdf, tradução de Waldyr Carvalho Luz):
“Deve-se
notar, porém, que não se proíbe menos
uma gravura do que uma imagem esculpida, com o quê se refuta a improcedente ressalva dos gregos. Pois pensam
que se portam esplendidamente, se não fazem representações esculturais de Deus,
enquanto se esbaldam em gravuras mais desabridamente que quaisquer outros
povos.
O Senhor, entretanto, proíbe não apenas
que lhe seja talhada imagem por estatuário, mas ainda que lhe seja modelada representação por qualquer sorte de
artífice, porquanto é, com
isso, afeiçoado em moldes inteiramente falsos e com grave insulto de sua
majestade.”
Depreende-se, então, que, na ótica doutrinária de Calvino, o segundo dos Dez Mandamentos seria passível de passar por “adaptações” dependendo de determinadas situações, na medida em que as Organizações Religiosas vinculadas à Confissão de Fé de Westminster, isto é, seguidoras do que comumente se chama de calvinismo, à semelhança, por exemplo, da denominação religiosa Presbiteriana, fazem uso de imagens de escultura, estátuas etc. Nesse sentido, destacam-se algumas das imagens que integram a Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, abaixo reproduzidas:
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Equivale a dizer que, para o francês e para os seus partidários
presbiterianos, somente seriam proibidas imagens de escultura e/ou gravuras
representativas ou supostamente representativas de Deus, estando, pois,
franqueadas imagens quaisquer de homens, de animais, de peixes, de répteis, de
quadrúpedes etc., o que, muitíssimo patentemente, constitui uma ingente
absurdidade. E, para esses mesmos presbiterianos, Jesus Cristo não é
Deus, considerando que uma das estátuas acima reproduzidas representa
notoriamente a passagem de Lucas 22:19, contendo as palavras do Senhor Jesus: "Em memória de mim".
Afigura-se óbvio que a Ordenança de Deus foi expressa de
maneira a não deixar qualquer dúvida, como se lê no citado Livro de Êxodo,
capítulo 20, versículo 4, tanto quanto em Deuteronômio, capítulo 5, versículo 8:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra.”
Pela simples leitura desses versículos (Êxodo e
Deuteronômio), salta aos olhos que contrárias ao mandamento são quaisquer
imagens tanto do que haja EM CIMA NOS CÉUS,
quanto daquilo que PEREGRINE NA TERRA,
quanto em relação aos seres que estejam NAS ÁGUAS DEBAIXO DA TERRA.
Daí que, irrefragavelmente, não se
mostra consentânea com o mandamento de Deus a feitura de absolutamente qualquer
imagem, seja estátua ou gravura, seja de seres celestes, seja de répteis, seja
de homens, seja de peixes, seja de assombrações ou algo símile.
E que não se venha argumentar, similarmente ao que fazem os
romanistas, no sentido de que a proibição bíblica quanto a imagens estaria
vinculada “tão-somente”(sic) à
adoração delas, pois que tal extraviada trajetória de entendimento ou de
elucidação, além de acintosamente desafiadora do Texto Sacro, representa um
atentado a rudimentar raciocínio de qualquer pessoa que demonstre mínimo
interesse por esse tema.
A se entender ou defender entendimento contrário, segue-se,
inevitavelmente, que, para João Calvino, todas as Igrejas (denominações)
Cristãs poderiam livremente e incensuravelmente abarrotar seus templos com
gravuras ou esculturas ou estátuas de lagartos, tubarões, elefantes, águias,
hipopótamos, homens, mulheres, pregadores do passado, pregadores do presente etc.,
contanto que a elas não seja direcionada adoração ou dirigido culto...
E por que se censurariam os romanistas em razão de seus
ornamentos representativos de anjos, ou "imagem"(sic) de Jesus
Cristo, ou "imagem"(sic) de Deus, ou irrestritamente qualquer outra
imagem, desde que a finalidade igualmente não seja prestar-lhes culto ou
dirigir-lhes adoração?
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