Dá para imaginar calvinistas defendendo, apregoando e conclamando
pessoas ao pagamento do dízimo em organizações religiosas chamadas evangélicas, numa impensável equiparação de Jesus Cristo a sacerdotes temporais veterotestamentários?
Dá
para imaginar os adeptos do francês João Calvino lendo solenemente o
Livro de Malaquias, capítulo 3, versículo 10, e, claro, evitando
propositadamente mencionar os versículos 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,
18?
"Trazei
todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois
fazei prova de mim nisto, diz o
SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas
do céu, e não derramar sobre vós uma bênção
tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes."
Seria
possível compreender a razão de admiradores do homem de Genebra, isto é, aquele
mesmo que fundou uma espécie peculiarizada de Teocracia Totalitária, suprimindo qualquer tipo de liberdade de expressão e afligindo duramente a individualidade por meio de prisões, torturas e execuções, tecerem argumentos exegéticos em prol do dízimo, brandindo a
Bíblia em Malaquias 3:10 e, vez por outra, fazendo rápida alusão ao Novo
Testamento, deturpando claramente as Palavras do Senhor da Igreja, o qual
JAMAIS defendera o dízimo, eis que, muitíssimo ao contrário disso, como se pode
claramente ler em Mateus 23:23, limitara-se a repreender os hipócritas e
zombadores e desonestos e trapaceiros fariseus e escribas que, vivendo SOB A
LEI, dando o dízimo e empinando o nariz como se dela cumpridores fiéis,
desprezavam o mais importante DA LEI, isto é, o juízo, a misericórdia e a fé?
Em outras palavras, Jesus Cristo (O Senhor e Sacerdote Eterno) lhes
lançara em rosto a sua estultícia e miséria espiritual, fazendo-os perceber que
o fato de eventualmente cumprirem PARTE DA LEI, pagando o dízimo da hortelã, do
endro e do cominho, não os tornava "santos", tampouco teria o efeito de
impregná-los de dignidade, na medida em que DESCUMPRIAM OS PONTOS MAIS
IMPORTANTES DESSA MESMA LEI!
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e
o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e
não omitir aquelas." (Mt 23:23)
Hebreus
10:8
Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não
quiseste, nem te agradaram (os quais se
oferecem segundo a lei).
Hebreus
7:5
E os que dentre os
filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de
seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão.
Seria de alguma maneira aceitável que integrantes e representantes do assim chamado calvinismo, segundo o qual todas as coisas já foram d'antemão ordenadas, ou preordenadas ou predestinadas por Deus, através de Seus decretos eternos, se dessem a inflamados discursos em defesa do dízimo, e ainda por cima tentando inculcar nos ouvintes que "SE FOREM FIÉIS NO PAGAMENTO DO DÍZIMO, RECEBERÃO DE DEUS BÊNÇÃOS SEM MEDIDA, QUE SERÃO DERRAMADAS DE JANELAS ABERTAS NOS CÉUS"?
"CAPÍTULO
III: I. Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua
própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo
quanto acontece, porém
de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da
criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias,
antes estabelecidas." (Confissão Calvinista de Fé de
Westminster)
Seria
infinitesimamente coerente que calvinistas, durante culto em suas denominações
religiosas, ao fazerem a apologia do dízimo, insistissem na espiritualização
dele a tal ponto que argumentassem ser o dízimo uma "prova de
fidelidade"(sic)
em função ou em razão da qual o cristão, em pagando-o, certamente seria
abençoado; e, em deixando de pagá-lo, seria privado das bênçãos de Deus, como se atitudes do
Criador em relação ao ser humano estivessem na dependência de comportamentos
unilateralmente ativadores nossos; como se os predestinacionistas e
joãocalvinistas decretos eternos de Deus tivessem sua eficácia dependente de
iniciativas nossas impregnadas de algo como alforria da
voluntariedade?
Seria
minimamente plausível que sectários do cidadão João Calvino, para os quais a
oração simplesmente não possui eficácia no sentido de alterar os propósitos
eternos de Deus já fixados ou prefixados ou pré-formatados desde a fundação do
mundo ou desde a eternidade, pudessem se lançar a apologias como estas,
flagrantemente despidas tanto, e principalmente, de sustentação Bíblica, quanto de qualquer rudimentar
lógica, num contexto ou num panorama de doutrinação em tudo estranha, até mesmo em relação à própria Confissão Calvinista de Fé de Westminster?
Não
bastassem as contundentes abordagens supra, faz-se imprescindível lembrar, registrar
e destacar com grandes letras que nem mesmo o francês João Calvino, protagonista
de palpáveis desvios doutrinários e de quem os calvinistas orgulhosamente tomam
de empréstimo sua rotulação, ousou defender o dízimo. Aliás, nos quatro volumes
do livro Institutas da Religião Cristã a palavra "dízimo" somente ocorre DUAS VEZES, ou seja: uma, no
terceiro volume, referindo-se rapidamente à hipocrisia do hipócrita fariseu; e
outra, no quarto volume, onde esse escritor simplesmente faz alusão ao dízimo
como sendo algo de "tempos passados"
e com características inconfundíveis de exercício de ação de graças POR
BENEFÍCIOS RECEBIDOS, exemplificando com o episódio de Jacó, o qual empenhara
voto como forma de pedir o auxílio de Deus, como forma de reconhecer que Deus é
Deus, como forma de aceitar a Deus como seu Deus, como forma de agradecimento a
Deus na hipótese de ser bem-sucedido em sua viagem, na hipótese de não lhe
faltar pão para comer, na hipótese de não lhe faltarem roupas para vestir:
PROMETENDO AO ALTÍSSIMO QUE DARIA O DÍZIMO DE TUDO E QUE A PEDRA QUE NAQUELA
NOITE LHE SERVIRA DE TRAVESSEIRO, POSTERIORMENTE POSTA COMO COLUNA E UNGIDA COM
AZEITE, HAVERIA DE TRANSFORMAR-SE EM CASA DE DEUS (Gênesis 28:18-22).
Percebe-se,
pois, com clareza solar, que os filiados ao assim chamado calvinismo têm dois
motivos robustamente insuperáveis e indesculpáveis para prontamente rejeitarem
o dízimo. O primeiro e principal dos quais, a própria Bíblia, conforme as
abordagens iniciais deste texto. O segundo dos quais, a linha doutrinária do
cidadão João Calvino, este que, sensatamente, nem mesmo se deteve nesse
superadíssimo tema Bíblico.
Por
que, então, o segmento religioso calvinista, por seus líderes, induz pessoas a "pagarem o dízimo"(sic) como
se dízimo ainda houvesse, como se a Bíblia o autorizasse e o estimulasse, como
se João Calvino dele houvesse feito apologia?
Haveria,
nesse ajuntamento de cristãos, aconselhamentos
ou orientações aos membros para que façam voto solene a Deus ou promessa
inquebrável de entrega do dízimo, seguida de unção com azeite de uma pedra ou
de outro objeto como símbolo, à semelhança daquele ato de Jacó,
descrito em Gênesis 28:18-22?
Se Jesus Cristo, com o advento
e a consumação da Nova Aliança, fora constituído Sacerdote Eterno, conforme a ecoante clareza Bíblica, estaria Ele abdicando de sua Majestade e fazendo-se semelhante
aos mortais, pecadores e temporais sacerdotes a quem se entregavam ofertas e
dízimos?
E, por
conseguinte, o dízimo do segmento religioso calvinista teria como destinatário
o Sacerdote Sempiterno da Ordem de Melquisedeque, como
se Ele se postasse à espera de donativos e ofertas humanas?
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