Conclusão inevitável por parte de quem se aventura nos experimentos literários
do gaulês Calvino aponta para a consideração de que a morte, em peculiaríssima bifurcação,
despe-se de conseqüência nefasta, seja em amplo ou em estrito sentido, à qual,
em mera formalidade e uma única vez, submeter-se-ão alguns poucos que, não
obstante corrompidos em si próprios, foram, em virtude do decreto eterno de
Deus, sem mesmo o saberem, sem qualquer iniciativa sua, sem nenhum arremedo de
mérito e sem qualquer esboço de exercício de vontade, assinalados para a
bem-aventurança infindável, a que calvinistas denominam SALVAÇÃO, havendo sido
contemplados com os seguintes dizeres lapidares:
"Vinde
a mim, BENDITOS PREDESTINADOS
DE MEU PAI PARA A VIDA ETERNA".
Ao passo que, para o inumerável restante dos viventes, morrer
representa dúplice punição, ou castigo em dobro, ou represália em dois pesos, ou
o inevitável salário, costumeiramente chamado por calvinistas como "CONDENAÇÃO",
decorrente do estigma do mesmíssimo pecado que predestinatoriamente carregaram
consigo desde antes do soberano, insondável e criacionista preenchimento do
vazio existencial, sem que, ainda assim, pudessem clamar por uma espécie de
absolvição. Para estes últimos, portanto, uma típica lápide:
"Apartai-vos
de mim, MALDITOS PREDESTINADOS DE MEU PAI PARA
A PRIMEIRA MORTE E PARA A SEGUNDA MORTE".
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