Não são poucas
as pessoas, ou, mais exatamente, organizações religiosas denominacionais que
defendem com unhas e dentes a permanência do dízimo mesmo com o advento da Nova
Aliança.
Dentre os tantos
e inconsistentes argumentos que utilizam está aquele pelo qual afirmam,
referindo-se ao episódio entre Abraão e Melquisedeque (Gên. 14:18-20), que o
dízimo, por ter sido praticado em momento anterior à Lei Mosaica, não poderia
ser considerado como dela integrante, e, por conseqüência, não teria sido
revogado com a outorga do Novo Testamento.
E, a título de
reforço dessa insustentável interpretação, tais pessoas alinham, nesse mesmo
sentido de anterioridade do dízimo em relação à Lei, também como argumento o
fato de, segundo sua muitíssimo equivocada leitura Bíblica e errôneo exercício
exegético, que o próprio Senhor Jesus Cristo teria “defendido”(sic) o dízimo no Novo Testamento, referindo-se à
passagem de Mateus 23:23.
Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o
cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé;
deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. (Mateus 23:23)
Para que a
presente abordagem não se estenda em demasia, deixaremos em total e veemente
destaque que, em imensurável oposição ao que essas organizações religiosas defendem,
o Senhor Jesus jamais (JAMAIS) fez qualquer defesa ou apologia à figura
veterotestamentária e mosaica do dízimo, tampouco no texto e contexto do citado
versículo Bíblico de Mateus 23:23.
O que de lá se
extrai é precisamente o inverso do que se apregoa, porquanto o Senhor Jesus, em
Mateus 23:23, afirmou severamente e categoricamente que os hipócritas que se
encontravam sob a Lei, e que pretendiam passar a ideia de santidade dando o
dízimo da hortelã, do endro e do cominho, estavam, em verdade, agindo como
néscios, como réprobos, como tolos, como mentirosos inveterados, na medida em
que, querendo se exibir como “cumpridores
da lei”, DESPREZAVAM O MAIS IMPORTANTE DELA, isto é, o juízo, a
misericórdia e a fé.
Por isso que,
obviamente, o Senhor Jesus, os repreendeu com rigor e, exatamente nessa
passagem de Mateus 23:23, deixa irrefutavelmente e explicitamente claro que o
dízimo representava um dos cerimoniais da Lei Mosaica, ou seja, pertencia à
Lei, e que aqueles fariseus estultos e hipócritas, no que diz respeito a essa
mesma Lei, APENAS SE LIMITAVAM A PAGAR O DÍZIMO; todavia, negligenciavam, com o
mais deslavado cinismo, as outras coisas mais importantes DA LEI.
Reveja o citado versículo de Mateus
23:23:
“...Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o
mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer
estas coisas, e não omitir aquelas.”
Por conseguinte,
é falso e blasfemo atribuir ao Senhor Jesus algo que Ele jamais fez ou disse ou
ensinou; muito menos, na hipótese aqui abordada, quando se constata estritamente
o contrário dos cansativos argumentos pró-dízimo, isto é, o Senhor Jesus afirma
com todas as letras, e de maneira gritantemente inconfundível, que o dízimo era
um dos cerimoniais da Lei Mosaica e, por conseguinte, como tal, notoriamente
superado ou inaplicável em nosso tempo: O TEMPO DA GRAÇA.
A CRUZ DE CRISTO
(esse imenso mistério a que alude o Apóstolo Paulo) depositou num passado
irressuscitável todos os cerimoniais da Antiga Aliança. A Lei e os Profetas, no
sentido assaz conhecido em que Deus falava aos antepassados, não têm
aplicabilidade após a consumação do Sacrifício Supremo.
Estamos
inseridos no contexto da Nova Aliança. Não somos hebreus, não há mais
sacerdotes hebreus da linhagem dos Levitas. O sacerdócio dos ritos e
cerimoniais do Antigo Testamento feneceu. Jesus Cristo é SACERDOTE ETERNO (Hb
5:6; 7:1-18) a quem não se entregam oferendas, ovelhas, touros, grãos, dízimos
de qualquer espécie. O Novo Testamento representa o exato cumprimento da
profecia contida desde Gênesis, quando Abraão ergueu o cutelo para imolar o SEU
ÚNICO FILHO. No mesmo sentido, quando Moisés levantou a serpente no deserto.
Salmo 110:4
4 Jurou
o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque.
Hebreus 5:6
6 Como
também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de
Melquisedeque.
Hebreus 10:8
Sacrifício e oferta, e holocaustos e
oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).
Hebreus 7:5
5 E os que dentre os
filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o
dízimo do
povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão.
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Irmão Rubens, venho agradecer a sua visita em meu humilde blog, pois muito me honrou com o seu brilhante comentário sobre a falsa Reforma Protestante. A propósito, o seu post sobre a falsa obrigatoriedade e a apologia do dízimo na Nova Aliança dispensa comentário; porquanto é notório o seu poder de síntese sobre o tema, tornando-o irrefutável.
ResponderExcluirP.S. Também não faço parte do sistema religioso, o qual tem se deteriorado nesses últimos dias; por isso, prefiro ser bíblico neotestamentário e, por conseguinte, seguidor do Evangelho de Cristo.
Um forte abraço do seu irmão em Cristo,
JC de Araújo Jorge
Muito obrigado pelas suas palavras, irmão JC de Araújo Jorge.
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