Foram e
continuam sendo motivo de estupefação e reflexão desde épocas muitíssimo
remotas - bem antes de nossa geração - as vicissitudes da vida, os
acontecimentos, as imprevisibilidades funestas, as tragédias e barbáries que
nos cercam a nós próprios, a nossas famílias e ao próximo sem exceção.
Certamente,
o que se procura analisar, com oscilações puxadas por inquietantes dúvidas, não
é a perfeição ou o amor de Deus, mas tão-só a razão de ser de determinadas
ocorrências estarrecedoras e nauseantes.
Estaríamos,
todos, entregues à própria sorte ou à sorte determinada pelo acaso ou pela
astúcia de loucos de toda estirpe ou de todos os espécimes de mestres de maus
intentos cuja trilha opõe-se abertamente ao caminho traçado por Jesus Cristo ou
ao Caminho chamado Jesus Cristo?
Sem querer ser blasfemo ou algo
herético, sinto-me compelido a dizer que em tudo, de tudo e por tudo há
imperativamente de, por marcante incrustação, fluir um propósito ou uma causa
ou uma justificativa que, naturalmente, excede à nossa ignorância espiritual no
âmbito desta vida terrena.
Recuso-me
a imaginar ou supor ou absorver o entendimento no sentido de que Deus, o
Criador, veja como insignificantes, ou autodeterminantes ou plenamente
desvinculadas do contexto existencial, ou despidas de nexo espiritual,
selvagerias e barbarismos como os inumeráveis que se vêem e se inserem
rotineiramente na órbita da vida, os quais irrefutavelmente não contam com a
aquiescência divina e, portanto, não fazem parte do desejo do coração de Deus,
mas são decorrência de um conjunto de nuanças pessoais que os desencadearam ou
que neles culminaram.
Não me
parece crível que alguém, imagem e semelhança de Deus, simplesmente, do nada
pessoal, de alma esvaziada, inopinadamente ou improvisadamente, dentre plurais
exemplos, possa esfaquear até à morte pessoas quaisquer, queimá-las vivas,
decapitá-las e, sem qualquer percalço, consiga atingir inteiramente, quase que
com inqualificável naturalidade, esse horroroso intento.
Necessariamente
há de existir um liame espiritual qualquer entre o executor/causador da
barbárie, a barbárie em si mesma com todas as suas características e
peculiaridades pré e pós-consumação e as pessoas sobre as quais recaiu essa
malignidade. Tudo isso somente aquilatável e explanável e plenamente conhecido
unicamente por Deus.
Do contrário, poderíamos da vida abdicar ou
simplesmente dar de ombros a todo e qualquer acontecimento, bom ou mau,
alvissareiro ou catastrófico, entoando desesperançadamente, e sem sermos
conduzidos por emoções quaisquer, uma espécie de cântico ritualístico com
indefinível melodia.
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