A maior porção ou fração de todas as coisas que se ouvem, que
se leem e até mesmo que se veem, não passa de um seqüencial aparentemente
interminável de mentiras, meias-verdades ou maquiagens grotescas, ou seja, uma
realidade algo convencional ou supostamente apropriada a circunstâncias
fugazes.
Nossos
olhos, por si mesmos, não conseguem discernir entre o autêntico ou verídico ou
genuíno e aquilo que é ou seria resultante de delírios ou de distorções
propositadíssimas, ou, em inumeráveis hipóteses, ditadas por nossas marcantes e
entristecedoras inaptidões.
A esse cenário insuperavelmente indistinto, adicione-se o
fato de que nós próprios também tropeçamos em nossos devaneios, em nossas
suposições fantasiosas e em acalentadas utopias, ainda que amenizadas, quiçá,
por um certo grau de ingenuidade imputável às miragens que do cotidiano nos
deixamos impregnar.
A vida, tomada em sua essência indizível e ilhadamente ou
alheadamente considerada, há de ser verdadeira, ou real, ou de fato existente. Todavia,
nós, os viventes, desde o limiar da existência, não fomos e não somos capazes
de lançar olhos perceptíveis, ainda que, em regra inconscientemente e
claudicantemente, ávidos por percepções sempre estejamos, movendo-nos
arquejantes ladeira abaixo sob o peso do, este sim, perceptível tédio.
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