Tanto
se falou a esse respeito, tantas predições desorientadas e devaneantes, tantos
vaticínios destituídos de mínima consistência, tantas datas extraviadamente
apontadas como o terrível dia em que o mundo deixaria de ser mundo, tantos apologetas
do fim, tantos anunciadores, ou pré-anunciadores, ou pregoeiros da falência
existencial.
Malogrados
todos esses numerosos e solenes prenúncios que remontam a décadas e séculos,
eis que, sem que a humanidade se desse conta, avançando qual micróbio que
corrói pouco a pouco, de dentro para fora, o colapso, afinal, se consumou, muito
embora aparentemente tudo esteja em seu curso “natural”, pois que, em verdade,
a íntegra da essência da vida já há muito feneceu, putrefez-se, esvaiu-se.
O
que diariamente aos nossos olhos se mostra e fervilha não passa de um arremedo de
vida perceptivelmente reles, indubitavelmente pífio e diametralmente despido de
qualquer consistência. O ser humano
metamorfoseou-se num aglomerado de zumbis, caminhando de modo errante, sem
bússola, sem deslumbramentos, sem sonhos, sem alento na alma, mascarando-se a
cada dia em agonizante expectativa, sem a percepção de que ele próprio e tudo à
sua volta evanesceram-se.
A
gregariedade permanece teimosamente sendo-nos essencial, não porque dela a
rigor a esta altura necessitemos,
ou porque por ela ansiemos como se a partir dela poderíamos estar aptos à
construção de novos horizontes por cuja trilha seguiríamos ao encontro de algo
que nós próprios absolutamente desconhecemos ou simplesmente nem sequer
imaginamos.
O enfado, a exaustão física e
psicológica, a mesmice que nos despoja de nosso ímpeto de vida, a esterilidade até mesmo das
invencionices, os sonhos que se tornam pesadelos, os sonhos
irrealizados, os sonhos irrealizáveis, os sonhos que em verdade não eram sonhos, as bobagens rotuladas
de sonhos, a utopia do amor ou a incapacidade de amar na acepção genuína; tudo isso representa a lúgubre e fantasmagórica
realidade de algo que se foi em definitivo.
Sim,
decididamente não há mais mundo.
Resta-nos, entanto, a indescritibilidade da esperança representada pela
profética promessa Bíblica do Arrebatamento.
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