A
grande, estranha e funérea procissão da vida prossegue, deixando alardeadamente
patente que o ser humano encontra-se sempre mais, e cada vez mais, embriagado
pelo vazio de si mesmo...
Embriagado
pela insaciável vaidade que o impele e compele aos desatinos cotidianos que
marcam as páginas de sua peregrinação errante...
Embriagado
pela mórbida necessidade de, por qualquer meio, a qualquer custo, estar em
evidência...
Embriagado
pelo doentio impulso de, incontrolavelmente e irrefreadamente, exibir-se a si
mesmo, à cata de olhos preferentemente carregados de admiração ou, quando
mínimo, de curiosidade e inveja...
Embriagado
pelo psicótico estímulo de tudo comprar, de poder comprar, de sempre comprar, de
comprar e tornar a comprar, num ritual inexauriente...
Embriagado
pelo mefítico anelo de estar e permanecer inserido num grotesco rol de privilegiados ou
de "notáveis" ou de "celebridades", como mola propulsora do
acordar de todas as manhãs...
Embriagado
pelo terrível vácuo ou apavorante deserto que carrega dentro de si embora rotineiramente
chacoalhando um projetado ventre abarrotado de iguarias...
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