Afinal, haveria diferença ou
diferenças marcantes, perceptivelmente marcantes, infalivelmente marcantes,
entre os ELEITOS PELA PREDESTINATÓRIA GRAÇA IRRESISTÍVEL e os CONDENADOS PELA
PREDESTINATÓRIA DESGRAÇA IRRESISTÍVEL?
O que, exatamente, os distingue na
prática, na aparência, nas atitudes, no falar, no calar-se, no agir individualmente,
no agir em público, no agir em família, no agir como autoridade, no agir como representantes,
no agir como representados, nas virtudes, nas imperfeições, na espiritualidade,
na carnalidade, nas inclinações, nas abstinências, nas permissividades, na
concupiscência dos olhos, na soberba da vida, na vaidade, na arrogância, na
alegria, na depressão, na ira, na mansidão, no discernimento, na honestidade?
Seria tão-somente pelo fato de
que, conforme frequentemente se ouve, os ELEITOS INCONDICIONADAMENTE, ainda que
pecadores sejam, ainda que pecados cometam, ainda que sujeitos às mesmas
paixões, aparentemente sintam ou efetivamente sintam desconforto interior em
relação ao pecado? E os AMALDIÇOADOS IMUTAVELMENTE, embora praticando as mesmas
transgressões, não obstante inseridos no contexto das mesmas vaidades que todo
vivente carrega nas entranhas, ainda que assaltados por variadas
concupiscências, embora tropeçando aqui
e acolá, diferenciar-se-iam daqueles unicamente pela muitíssimo tênue
característica de que, alegadamente, não acalentariam ou não cultivariam em seu
íntimo qualquer tipo de incômodo ou de pesar?
Mas o que é que na prática
cotidiana, em todos os recantos deste mundo, incessantemente acontece desde
sempre? O que é que nas ruas, vielas, avenidas, campos, rios e mares se vê? Não
são pessoas que somente se distinguem pela aparência física? Não são pessoas
que existencialmente ou comportamentalmente em praticamente tudo se assemelham?
Em inumeráveis casos, pessoas que
declaradamente se confessam alheias à religião adotam estilo de vida sadio e
compatível com a imprescindível gregariedade peculiar ao ser humano, tratam bem
suas famílias, suas esposas, seus filhos, respeitam o próximo, preservam o direito
alheio, cumprem as leis do país, agem como cidadãos de bem. E, em incontáveis
outros exemplos, pessoas que alardeadamente se dizem religiosas ou eleitas por
Deus, revelam-se antiéticas, trapaceiras,
desonestas, permissivas, agressivas, espancadoras de filhos e esposas,
corruptas e corruptoras. E, ainda, em milhões de outros casos, dá-se que tanto
os religiosos quanto os irreligiosos se assemelham entre si, ora pela boa
postura, ora pelo caráter corrompido, ora pela generosidade e nobreza, ora pela
vileza explícita.
Por que, então, Deus,
utilizando-se da Graça Predestinatória Irresistível ou Graça Irresistivelmente
Predestinatória, àqueles acolhe eletivamente e, através da Desgraça
Predestinatória Inobjetável, a estes rejeita condenatoriamente, quando em todos
eles nada há perceptivelmente e definitivamente distinguível, seja em termos de
malignidade, seja no que se refere a virtudes?
Haveria, naqueles primeiros, uma
espécie de sinal invisível na alma e, nestes, um estigma nela mesma?
Seria isso? Apenas isso? Significa,
então, que Deus, olhando à direita, viu um pequeno grupo de pessoas por Ele
criadas, ostentando atributos físicos e anímicos divinos, e, chamando-as,
deu-lhes guarida eterna; enquanto que, olhando à esquerda, divisou inumerável
multidão de viventes igualmente por Deus chamados à existência, coroados de
glória e de honra, pouco menores do que os anjos, e, amaldiçoando-os,
direcionou-os à infernalidade inacabável?
Nenhum comentário:
Postar um comentário