Aos que livremente e aparentemente
negam ou relutam ou se insurgem contra a existência de Deus, declarando-se ou
alardeando-se como ateus, resta-lhes no
máximo admitir que sua presença neste lugar apelidado de mundo seria
decorrência de uma espécie indecifrável de fenômeno, algo como dejeção ou evacuação praticada pelo que se
chama de universo, excrementos esses a partir dos quais teria havido o
surgimento de filhotes de excrementos
que, com o passar do que se denomina tempo, teriam se observado mutuamente, se
socializado, se unido “afetuosamente”
e passaram a procriar incessantemente em
forma de excrementozinhos: produção
em massa de cocô.
E tudo fora se aperfeiçoando ao
ponto de os excrementozinhos, ou dejetos, ou cocôs, passarem a se comunicar em
forma de gestos, de palavras, de sentimentos, criando “laços” até mesmo de suposta afeição; quiçá, de amor, surgindo, então, o ateísmo sentimental ou piegas.
Excrementos que estreitaram laços
entre si passaram a se apegar uns aos outros, a mostrar afeição uns pelos
outros, a se esfregar, dando origem a engravidamento de excrementos reputados
como de gênero feminino, exibindo o que hoje se rotula como “amor
materno excrementício”, em apego ao excremento-filho, amamentação em
seios túrgidos ou intumescidos, expelindo líquido embranquecido, proteção e estímulos
incessantes, num contexto em que todos os excrementos que existem no mundo
passaram a adotar um estilo alcunhado de
vida em que se busca exclusivamente encher a pança, sonhar sonhos sem sentido,
dizer o que não se compreende, imaginar o que não se imagina, delirar delírios
infindáveis, até que haja algum, digamos, fôlego excrementício de vida em cada
um dos buliçosos e incalculáveis excrementos ou cocôs a princípio
introduzidos no mundo através da convencionadamente chamada abertura anal do universo.
Em resumo, o mundo e tudo o que
nele há não passaria, então, de um amontoado de formas fecais, ou dejetos, ou matéria
excrementícia, ou algo que, mesmo não sendo ou não fosse assim rotulado, igualmente
pleno de inutilidade ou de sentido
existencial que justifique todas as tão
conhecidas e infindavelmente repetidas imbecilidades humanas cotidianas, quer
sejam fenômenos físicos, quer sejam supostas emoções, quer visíveis, quer
invisíveis.